São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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Multi-homem

MELCHIADES FILHO

Os dirigentes alegam que a defesa melhorou. Os céticos, que os times pioraram. O fato, quem acompanha sabe: a NBA vive resultados magros.
Para embalar os nostálgicos, anteontem foram comemorados os 35 anos da única vez em que um jogador chegou a cem pontos na liga norte-americana.
O autor da proeza? O gigante Wilt Chamberlain, na vitória do Philadelphia sobre o New York, 169 x 147.
"Não foi nem a minha melhor atuação. Os colegas quiseram me prestar uma homenagem", contou-me o pivô, hoje com 60 anos. "Começaram a me passar todas as bolas. Eu vinha fazendo só (sic) 50 pontos por jogo."
Tudo deu certo para ele naquela noite, em Hershey, cidadezinha dos chocolates na Pensilvânia (os times excursionavam à época no torneio para faturar um extra).
Com seus 2,15 m e 125 kg, acertou 57% dos arremessos (36 de 63). No primeiro quarto, já contabilizava 23 pontos.
Desesperados com a aproximação do recorde, os Knicks começaram a fazer falta toda vez que o pivô recebia a bola em condições de marcar.
Imaginavam contê-lo nos lances livres -sua média era sofrível (pouco mais de 60%).
Mas, com "mãos quentes", Chamberlain superou-se. Converteu 28 de 32 tentativas, 87% (ainda há esperança para Shaquille O'Neal...).
Para quem só foi apresentado ao basquete na era de Michael Jordan, lembro que Chamberlain ainda aparece à frente do armador do Chicago no tira-teima de cestinhas.
Jordan ganha em temporadas como artilheiro: 8 a 7.
Mas perde na produção de pontos propriamente dita: faz 1 a cada 49 segundos em quadra, enquanto Chamberlain precisava de apenas 39.
Jordan sempre diz que, entre os maiores de todos os tempos, Chamberlain é aquele que mais lhe desperta a curiosidade. Faz sentido.

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