São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Geggy Tah; Johnny Cash; Babyface; Q'Kumba Zoo; Hiroshima; Cubanos

PEDRO ALEXANDRE SANCHES; SILVIO CIOFFI

Geggy Tah
"Sacred Cow" (Wea), da desconhecida banda americana Geggy Tah (eh, nome feio!) é uma grata surpresa. O pop caprichado do trio dialoga com o funk-rock do Red Hot Chili Peppers, o pop lento de baladas cheias de melodia ("Century Plant 2000") e college bands em geral. Tem, no entanto, vantagem ímpar: a voz de Tommy Jordan é algo incomum em afinação e virtuosismo. E a balada "Gina" é uma emocionada declaração de amor a uma... cachorra (a mesma da capa).
(PAS)

Johnny Cash
O velho roqueiro Johnny Cash volta -aliás, voltou, no ano passado, e só agora chega aqui- com "Unchained" (American Recordings). A produção é de Rick Rubin (que também andou ressuscitando o trovador Donovan), os detalhes surreais são gravações de "Rusty Cage", do Soundgarden, e "Rowboat", do darling dos 90 Beck -quase irreconhecível. Fora isso, não há surpresas: é o mesmo velho country rock básico com que Cash vem fazendo estrada desde os anos 50.
(PAS)

Babyface
Propalado como o maior produtor do momento, Babyface chega com disco próprio, "The Day" (Epic). O CD só comprova a queda da indústria fonográfica americana -e do Prêmio Grammy- à cafonice. "The Day" é um apanhado interminável de babas, com convidados que vão do ilustre Stevie Wonder ao "ilustre" Kenny G. Nos melhores momentos, é ainda um reflexo pálido da fase mais comercial de Michael Jackson, de fazer vergonha à velha Motown.
(PAS)

Q'Kumba Zoo
Banda de visual loucão, a Q'Kumba Zoo vem da África do Sul e cai no Brasil -sabe Deus por que- com "Wake Up & Dream" (Arista). O disco é o resultado da impensável fusão de ritmos tribais de base com teclados e programações da mais desenfreada dance music de salão. Os vocais de entonação árabe/egípcia, que poderiam interessar aos amantes da world music, são soterrados pelo jumbo do bate-estaca, e o resultado final é pura monstruosidade.
(PAS)

Hiroshima
O título é claro: "Urban World Music" (Wea). A banda Hiroshima tenta com essa gracinha inventar a world music urbana, como se isso fosse possível. Mas a coisa é, antes que world music, um conjunto soporífero de composições pouco inspiradas e impregnadas de saxofones cabeça, vocais moldados na languidez de Sade Adu e rock pasteurizado à moda de Asia e coisas assim. "Urban World Music" é velho, muito velho -e nem tem nada de world music.
(PAS)

Cubanos
A intenção é pegar carona no "boom" latino (Ricky Martin, Luis Miguel, Shakira), mas o resultado de "Havana Club" (BMG) é um saco de gatos em que cabe desde o bom Irakere -exército de formação de talentos cubanos- a breguices como Paulo y su Elite e Manolin, el Medico de la Salsa. Atravessar o CD é um preço alto -com direito a mambo-rap e outras invenções-, mas garante momentos interessantes, como na guaracha do La Charanga Habanera.
(SC)

Texto Anterior: FORA DE CATÁLOGO
Próximo Texto: Os CDs mais vendidos da semana
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.