São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
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Bresser nega ter trocado voto de deputado por cargos no AP

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Administração, Luiz Carlos Bresser Pereira, divulgou ontem nota na qual nega ter trocado 6.000 empregos no Amapá pelo voto do deputado Eraldo Trindade (PPB-AP) a favor da emenda da reeleição.
O ministro disse ter estabelecido, desde o primeiro ano de governo (95), a política de só demitir, nos ex-territórios, servidores que estivessem definitivamente em situação irregular, porque a demissão de todos comprometeria "gravemente" o serviço público estadual.
Muitos desses servidores são médicos, enfermeiros, professores e integrantes de outras categorias consideradas essenciais.
Segundo Bresser, há dúvida sobre a regularidade da situação funcional desses 6.000 funcionários federais no Amapá, o que o governo vem tentando resolver antes das negociações da reeleição.
Esses servidores continuaram sendo pagos pelo governo federal depois da transformação do território em Estado, o que foi determinado pela Constituição de 88.
Em virtude de irregularidades (muitos funcionários foram contratados sem preencher as exigências legais para os cargos que ocupam), o governo federal demitiu 1.028 funcionários no Amapá no ano passado, segundo Bresser.
Quanto ao restante (6.000), o ministro disse ter apoiado um item da emenda da reforma administrativa "que torna mais claro o que é regular e o que não é na situação funcional desses servidores".
"Não obstante essa política, havia insistentes boatos de demissão de funcionários no Amapá", diz Bresser na nota. "Nas vésperas da votação da emenda da reeleição, fui informado pela minha assessoria parlamentar que o deputado Eraldo Trindade, do PPB, havia obtido uma audiência com o presidente, onde pediria a não demissão dos 6.000 funcionários em troca do seu voto."
"Telefonei imediatamente para o presidente (não foi ele quem telefonou para mim), antes da audiência, informei-o dos fatos e lhe disse que não era política do ministério demitir indiscriminadamente, não havendo razão, portanto, para o deputado se preocupar", prossegue a nota de Bresser.
"No dia seguinte, o deputado veio ao meu gabinete com a TV Amapá, e, nesse momento, reafirmei a política do governo, como está claro no texto transcrito pela Folha. Dessa forma, conseguiu-se transmitir para a população do Amapá uma equivocada idéia de troca de voto, quando houve apenas a reafirmação de uma política já adotada desde 1995", conclui Bresser.

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