São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fazendeiros protestam contra invasão

SEBASTIÃO NASCIMENTO
ENVIADO ESPECIAL A UBERABA

Cerca de 150 fazendeiros de todo país e parlamentares da bancada ruralista, reunidos em Uberaba (MG), protestaram ontem contra as invasões de terras e pediram ao governo o cumprimento da lei contra a ação dos sem-terra.
"O que está havendo no campo é uma guerra. Não existe mais Estado de Direito no Brasil", afirma Willian Koury, fazendeiro em Garça (SP) e vice-presidente da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), entidade que conta com 10 mil pecuaristas em seu quadro de sócios e que promoveu o 1º Encontro Nacional de Lideranças do Setor Rural.
Segundo Koury, foi a passividade do governo diante das atividades do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que levou os produtores a realizarem o encontro e tomarem uma posição.
Mesmo assim, a proposta final dos fazendeiros prega a conciliação. "A principal reivindicação que fazemos ao governo é no sentido do cumprimento das leis", afirma José Olavo Borges Mendes, presidente da ABCZ.
Segundo Mendes, o governo já havia sido alertado para o acirramento dos conflitos fundiários um ano e meio atrás. "Agora as coisas estão ficando insustentáveis e resolvemos nos unir", disse.
Os ruralistas elaboraram um documento que será entregue amanhã ao presidente Fernando Henrique Cardoso e ao ministro Raul Jungmann (Política Fundiária).
Intitulado "Manifesto à Nação - Lei, Ordem e Paz no Campo", o documento defende projeto do deputado Jaime Martins (PFL-MG) propondo que terras invadidas não sejam desapropriadas. "Sua aprovação pode mudar o panorama", disse Mendes.
No final do evento, os ruralistas elegeram uma comissão para coordenar os trabalhos e estabelecer o contato com o governo.
Ela é formada por membros da ABCZ, Confederação Nacional da Agricultura, Organização das Cooperativas Brasileiras e Sociedade Rural Brasileira.
Para o deputado Hugo Rodrigues da Cunha (PFL-MG), membro da Comissão de Agricultura da Câmara, o encontro "foi acima de tudo um movimento político".
Entre os líderes rurais, estiveram no encontro João Carlos Meirelles, presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte, Antonio de Salvo, presidente da Confederação Nacional de Agricultura, e Ovídio Carlos de Brito, da Sociedade Rural Brasileira, e presidentes de federações estaduais da agricultura.

Texto Anterior: MST expulsa embriagados
Próximo Texto: Filho de fazendeiro é solto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.