São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
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Adolfo Lutz reprova um lote de palmito

MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Instituto Adolfo Lutz de São Paulo divulgou ontem os resultados de exames feitos em seis amostras de palmitos da Indústria de Conservas Gini.
A empresa é fabricante do produto contaminado pela toxina botulínica, que provocou a internação de uma moradora de Santos, Melissa Miwahabu Castro, 21, no mês passado.
A amostra do lote suspeito, cuja validade vai até outubro de 98, foi reprovada.
As demais, que não pertencem a esse lote, foram consideradas boas para o consumo.
O exame constatou que a amostra do lote suspeito tinha um PH superior a 4,5, ou seja, não obedecia ao limite máximo definido pelas normas de conservação.
O PH da amostra suspeita foi de 4,8, o que caracteriza um meio de cultura ideal para que a bactéria Clostridium botulinun produza, no vidro do palmito, a toxina botulínica.
Essa toxina causa o botulismo, doença que pode provocar paralisia e levar à morte.
A amostra do lote suspeito analisada pelo Adolfo Lutz foi recolhida no supermercado Pão de Açúcar, de Santos.
As demais amostras, que foram julgadas boas para o consumo e não pertenciam ao lote suspeito, estavam armazenadas num depósito da Gini em São Paulo.
Segundo Marisa Lima Carvalho, diretora do Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo (CVS), mesmo com o resultado dos exames do Adolfo Lutz, ainda não se pode afirmar categoricamente que todo o lote cuja validade vai até outubro de 1998 esteja contaminado.
Isso porque hoje ainda não há uma legislação especificando qual deve ser o tamanho da amostra analisada para que se possa concluir, com certeza, se um lote está ou não contaminado.
"Ainda estamos discutindo o que seria uma amostra significativa", disse Marisa Lima.
A diretora do CVS também afirmou que ainda nesta semana deve ser publicada uma portaria para regular essa questão.
Também vão ser baixadas novas normas para fiscalizar a entrada no Estado de São Paulo de palmito que seja proveniente de outras regiões do país.
Além de trabalhar com palmito de São Paulo, a Gini compra o produto de fornecedores do Pará, Santa Catarina e Paraná.
Depois da publicação dessas normas, a venda dos palmitos Gini que não pertencerem ao lote suspeito de contaminação deverá ser liberada.
Marisa Lima afirma que os consumidores que compraram palmitos desse lote não devem consumi-lo. O produto deve ser devolvido ao supermercado em que foi adquirido.

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