São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
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Borracha terá subsídio para conter Ásia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem a um grupo de seringueiros que o governo federal vai subsidiar a produção nacional de borracha para tornar os preços competitivos com a borracha asiática.
A promessa foi feita ontem, durante audiência dos extrativistas com o presidente FHC no Palácio do Planalto.
Eles estavam acampados na praça dos Três Poderes havia dois dias.
Segundo os seringueiros, a borracha brasileira produzida na Amazônia chega às indústrias por R$ 2,60 o quilo, enquanto a asiática, principalmente da Malásia, é vendida por R$ 1,60. Essa diferença (R$ 1) seria paga pelo governo, numa espécie de "custo ambiental".
"Esse valor, que não chamo de subsídio, mas sim de despesa, é o custo que todos devem pagar pela nossa responsabilidade de manter a floresta amazônica em pé e os seringueiros lá dentro, evitando que as madeireiras a devastem", disse Atanagildo Matos, presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros.
Valor do subsídio
Pelas contas dos seringueiros, como são produzidas 4.000 toneladas de borracha por ano no Brasil, o subsídio seria de aproximadamente R$ 4 milhões.
Mais tarde, o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que esses recursos devem vir do Procera (crédito para reforma agrária) e Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar).
Os seringueiros conseguiram ainda que Fernando Henrique Cardoso se comprometesse a eliminar o excesso de burocracia que estaria dificultando o acesso ao Prodex.
O Prodex é um programa de incentivo ao extrativismo desenvolvido pelo Basa (Banco da Amazônia).
Segundo a senadora Marina Silva (PT-AC) -que acompanhou a audiência-, o Prodex possui cerca de R$ 24 milhões destinados aos pequenos extrativistas (borracha, castanha e açaí, entre outros), mas poucos têm acesso a ele.
"Há muitas regras complicadas, burocráticas, os juros são altos e há dificuldades em se conseguir avalistas", afirmou a senadora.
Avalista oficial
Segundo Marina Silva, FHC se comprometeu a fazer com que o governo seja o próprio avalista da operação.
Noutro ato, FHC assinou decreto criando uma reserva extrativista junto ao médio do rio Juruá, no município de Carauari (AM), com área de 450 mil hectares.

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