São Paulo, sexta-feira, 7 de março de 1997
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'Sumiço' de Maluf revolta grupo de Pitta

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de políticos e assessores do PPB mais afinado com o prefeito Celso Pitta ficou revoltado com a iniciativa do ex-prefeito Paulo Maluf de viajar à Europa em pleno "tiroteio" da CPI dos Precatórios.
A ala da revolta, segundo apurou a Folha, inclui até pessoas da família Pitta. Avaliam que a presença de Maluf seria muito importante no momento para ajudar o prefeito.
Para os políticos insatisfeitos com Maluf, Pitta não teria o que temer da CPI, pois estaria com "as mãos limpas". O problema, segundo eles, é a guerra de articulações, a solidariedade e também o que chamam de "batalha na mídia" -entrevistas aos meios de comunicação sobre o assunto.
Estratégia
O passeio do ex-prefeito por Paris e Londres, iniciado ontem e com previsão de durar três semanas, é visto pelos insatisfeitos como uma estratégia para livrar a sua imagem de eventuais prejuízos.
Os malufistas mais fiéis, como o vereador de São Paulo Bruno Feder (PPB), por exemplo, cuidou ontem de defender o ex-prefeito.
"A viagem estava marcada há muito tempo, o Paulo sempre viajou muito em férias", disse. "Além do mais, o PPB e o Pitta estão muito tranquilos, pois todos os negócios da prefeitura foram feitos dentro da legalidade."
No grupo mais sintonizado com Maluf do que com o atual prefeito paulistano, a revolta dos aliados não passa de intriga de gabinetes.
Para os malufistas definidos como mais "ortodoxos", o ex-prefeito deixou tudo devidamente acertado antes de partir.
Jantar de despedida
O ex-prefeito e o atual tiveram uma longa conversa na noite de anteontem, quando jantaram para fazer um balanço dos problemas que poderiam surgir.
Segundo apurou a Folha, Maluf tranquilizou Pitta com sinais positivos de seus últimos contatos com Esperidião Amin (PPB-SC), membro da CPI, e com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Pitta, que tinha em mãos o resultado de um levantamento feito em farta documentação da Secretaria de Finanças do município, disse a Maluf que não haveria nenhum ponto a temer nas investigações.
O atual prefeito e os seus assessores avaliam que nenhum documento provaria, por exemplo, a conivência de Pitta com o relacionamento de Wagner Baptista Ramos (ex-assessor da Secretaria de Finanças) e a corretora Perfil.
O cenário favorável apontado por Pitta esbarra, no entanto, na possibilidade do próprio Ramos acusá-lo. Ele volta a depor na CPI na próxima semana.

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