São Paulo, sexta-feira, 7 de março de 1997
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Ação Comunitária substitui poder público

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ensino gratuito não é mais monopólio do governo na zona sul de São Paulo. Estado e município perderam os alunos para a Ação Comunitária do Brasil em São Paulo, entidade sem fins lucrativos.
Fundada há 30 anos, a Ação atua em 50 comunidades esquecidas pela política educacional oficial. E depende cada vez menos do poder público.
Nos bairros onde age, a entidade ajuda a construir escolas, fornece equipamentos, forma e paga professores, providencia cursos de reciclagem, oferece atividades complementares aos alunos, os ajuda a obter emprego e educa seus pais. Sempre em comunhão com associações de bairro.
E tudo com verba angariada com venda de cartões de Natal e doações de empresários. A única contribuição pública, do governo estadual, representa 3% de seu orçamento (leia texto nesta página).
O público-alvo da Ação são as populações carentes nas regiões de Campo Limpo, Santo Amaro e Capela do Socorro, três dos maiores e mais pobres bairros da capital paulista, onde habitam 2,5 milhões de pessoas.
Lá, a Ação mantém quatro programas, desenvolvidos na sede, em Campo Limpo, e em comunidades nos três bairros.
O principal programa, o de educação, tem duas frentes: pré-escola -de 4 a 7 anos- e sondagem de aptidões -7 a 14 anos.
A primeira frente atende 32 comunidades carentes. "Montamos escolas onde não há Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil)", diz Deise Rodrigues Sartori, 45, coordenadora dos programas.
No ano passado, 1.800 crianças foram atendidas pelo programa.
Já a sondagem de aptidões pretende manter a criança e o adolescente fora das ruas no período em que não está na escola.
"Quem fica na rua dentro do contexto da periferia fica muito exposto às drogas e à criminalidade", diz Maria Teresa de Diego Moura, gerente-geral da Ação.
Movida por esse raciocínio, a Ação mantém a sondagem em 24 comunidades, por onde, em 96, passaram cerca de mil jovens.
Ali, participam de atividades artísticas que desenvolvem o gosto pela leitura e pelo estudo, além de receber atividades recreativas.
Trabalho
A Ação também tem atividades para jovens acima de 14 anos. No ano passado, ofereceu cursos profissionalizantes para 1.786 pessoas.
"Competências para o primeiro emprego" é um dos cursos. Dá noções da estrutura básica de uma empresa, da lei trabalhista e de postura profissional.
As atividades profissionalizantes são ministradas nas comunidades atendidas e também na sede da entidade, onde os outros dois programas são desenvolvidos.
"Cultura, lazer e educação física" oferece atividades de dança, capoeira e esportes, além de violão, dança e teatro.
No programa "Saúde", a Ação dá atendimento médico -pediatria, clínica-geral e ginecologia. Em 96, fez 20 mil atendimentos.

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