São Paulo, sexta-feira, 7 de março de 1997
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Festival importa sabores do Amazonas

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Começou anteontem e continua até o dia 15 de março o festival de cozinha e de arte do Amazonas promovido na Brasserie Belavista, no hotel Maksoud Plaza.
O evento não é novo. É a terceira vez que o hotel realiza algo nesses moldes. A novidade, porém, está na presença, entre os pratos servidos, de criações de três chefs de cozinha europeus, que interpretam à sua moda a cozinha do Estado do norte brasileiro.
O titular do festival é o chef Elson Venâncio de Vasconcelos, 52 anos, que já esteve aqui nos eventos anteriores. É um veterano na profissão, exercida há 21 anos no hotel Tropical de Manaus, onde é hoje chef-executivo.
"Sou caboclo, nascido em Labrea, no rio Purus", conta ele. "Comecei na profissão quando saí do interior para servir o Exército; ali comecei a trabalhar como cozinheiro e não parei mais." No hotel Tropical ele está praticamente desde a inauguração.
Em São Paulo, Vasconcelos tem desta vez a companhia de três chefs europeus radicados na cidade, apresentando três pratos que estarão servidos no bufê durante os jantares do evento.
Dois deles são franceses: Christian Formon, que já passou pelo bufê Charlô e hoje prepara seus próprios banquetes, e o padeiro Olivier Anquier, proprietário das boulangeries Pain de France.
O terceiro europeu é belga, Quentin de Saint-Maur, proprietário do restaurante L'Arnaque. Todos aderiram à proposta por serem confessadamente apaixonados pelos ingredientes exóticos encontrados no Brasil -e na Amazônia mais que em qualquer lugar.
O cardápio base do festival traz os pratos mais típicos. Os peixes de rio são a grande atração: sopa de piranha, tucunaré ao forno, costeleta de tambaqui grelhada, ensopado de pirarucu.
Ao lado deles, é igualmente famoso o pato com tucupi (com molho de caldo de mandioca e jambu -erva que provoca dormência na boca); e o pitoresco (para dizer o mínimo) tacacá, caldo grosso feito de tucupi, goma de mandioca, camarão seco, jambu e pimenta-de-cheiro.
Ao lado desses clássicos está a contribuição do trio europeu. Quentin de Saint-Maur criou um pudim de palmito (que na Amazônia se encontra em duas variedades, açaí e pupunha), a ser degustado com um molho em que entram o tucupi e o jambu.
Christian Formon optou por uma composição moderna, o pirarucu (peixe seco, que deve ser demolhado como o bacalhau) com purê de abóbora e cebola confite, coberto de mandioquinha ralada e frita como batata palha. A sugestão de Olivier Anquier, de inspiração francesa, é uma tartelette de cupuaçu e chocolate.
Quaisquer que sejam os pratos salgados experimentados, a visita ao festival traz a oportunidade de circular por outro setor da gastronomia da Amazônia, o de suas frutas.
Embora houvesse poucos disponíveis na abertura do evento, estão prometidos sucos e batidas feitas com cupuaçu, taperebá, graviola, mangaba. Ou sorvetes feitos com elas.
Além da parte gastronômica, o evento traz também apresentações de música, dança, artes plásticas e artesanato da região.

Evento: A Arte do Amazonas
Onde: Brasserie Belavista (hotel Maksoud Plaza, al. Campinas, 150, Bela Vista, região central, tel. 011/253-4411)
Quando: até 15 de março, somente jantar (19h30/24h)
Quanto: R$ 35 por pessoa

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