São Paulo, sexta-feira, 7 de março de 1997
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INFLAÇÃO, LEMBRA?

A inflação praticamente zero registrada pela Fipe em São Paulo ao longo de fevereiro é a menor desde dezembro de 1958. Uma notícia boa, mas não exatamente nova.
Entretanto, é aconselhável lembrar que há uma diferença entre índice de inflação e preços, distinção às vezes esquecida que fica ainda mais sutil quando os índices registrados a cada mês se mostram tão baixos.
Um índice ou uma taxa de inflação é uma medida que capta as variações, para cima e para baixo, de uma quantidade enorme de preços de inúmeras mercadorias e serviços.
Assim, embora a taxa calculada pela Fipe tenha sido de 0,01% em fevereiro, os preços não ficaram estáveis. De um lado, a pressão foi menor no caso de alimentos, transporte, vestuário, saúde, educação e despesas pessoais. Mas há exemplos em sentido contrário de outros itens, como habitação (sobretudo o aluguel), que tiveram uma alta mais forte.
A compreensão adequada dessas sutilezas inflacionárias é cada vez mais oportuna. Afinal, os salários são muito mais estáveis que os preços. Imaginar que a inflação baixa ou nula significa estabilidade de todos os itens de consumo é um erro grave e geralmente fácil de cometer.
Assim, mesmo que na média o resultado seja uma taxa zero, continua sendo importante entender as armadilhas do orçamento familiar cujo valor ainda pode variar. E, para os assalariados que contraíram dívidas, um contingente aliás crescente, saber programar despesas é crucial para evitar a inadimplência.
Na verdade, embora infinitamente mais baixa, a inflação continua um fenômeno com alguma incerteza. Nos próximos meses, os fatores de alta e baixa surgirão e não serão necessariamente sempre os mesmos.
Na prática, o consumidor ainda passa por um aprendizado, certamente facilitado pelas taxas reduzidas, mas nem por isso dispensável.
Aprender a poupar, a programar despesas, a pensar no longo prazo são desafios cada vez mais presentes e que exigem entender o que há por trás dos índices de inflação.

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