São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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Parque nunca foi demarcado

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Quinze mil mudas cobertas por mato, seis fiscais para cuidar de 125 milhões de metros quadrados de área, 50% de área desmatada. Assim agoniza o Parque Estadual da Pedra Branca, objeto, em 1991, de um dos sonhos do senador Darcy Ribeiro (PDT-RJ), que queria combinar ali reflorestamento e educação ambiental.
O parque foi criado em 1974, mas nunca chegou a ser demarcado. Lançado 17 anos depois, o Projeto Floresta da Pedra Branca incluía uma área na colônia Juliano Moreira (clínica para doentes mentais limítrofe ao parque) onde deveriam ser produzidas mudas de árvores para reflorestamento.
Seis anos após seu lançamento festivo, o projeto está parado. Dois fiscais tomam conta do lugar -um pela manhã, outro à noite.
Funcionários da colônia, que deveriam cultivar plantas medicinais, não tem o que fazer. "Olho para a paisagem, faço terapia", diz a servidora Maria Amélia Mattei.
Segundo Marcelo Soares dos Santos, da ONG (organização não-governamental) Defensores da Terra, o projeto de Darcy, implantado a partir de 1993, começou a se desfazer em 1995.
O quadro de desolação inclui a cobertura, por arbustos de um metro de altura, dos canteiros nos quais ficavam o viveiro para produção de humus de minhoca, as sementeiras, a estufa e o campo de mudas.
Mas o fracasso do sonho de Darcy, morto em fevereiro, é apenas parte dos problemas da área, que se estende pelos bairros de Jacarepaguá, Bangu, Campo Grande e Guaratiba e abriga o ponto culminante do município, o pico da Pedra Branca, com 1.025 m.
Na única entrada controlada do parque, pela estrada da Pedra Branca, há apenas dois fiscais florestais, trabalhando como vigilantes do patrimônio material do IEF. A menos de cem metros da entrada oficial do parque, à beira do rio Grande, está a favela do Pau da Fome, uma comunidade com cerca de 120 famílias. Em fevereiro do ano passado, a enxurrada causada pelas fortes chuvas matou oito pessoas na comunidade.

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