São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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Retratos do Brasil

JUCA KFOURI

Nas duas últimas rodadas do Estadual do Rio de Janeiro tivemos situações que retratam com absoluta fidelidade a que ponto chegaram as coisas no futebol brasileiro.
Primeiro, no jogo que deveria ser lembrado apenas por marcar o 100º gol de Romário com a camisa do Flamengo, vimos cenas de pugilato entre o artilheiro e um tal Cafezinho, do Madureira. Só Cafezinho foi expulso, além do técnico Júnior que saiu do sério e o agrediu.
Tudo isso diante de pouco mais de 3.000 torcedores na Gávea, público até grande para tamanha vergonha.
Em seguida, no domingo, o clássico que deveria ser disputado no Maracanã, entre os líderes Vasco e Botafogo, foi levado para São Januário, onde pouco mais de 8.000 abnegados esperaram por 41 minutos para que um dos times concordasse em mudar de calções.
A confusão foi tamanha que o presidente do Botafogo acabou trocando as bolas e cometeu uma confusão que Freud explicaria sem pestanejar: chamou o vice-presidente do Vasco de "Eurico Vianna", nome do deputado, sobrenome do presidente da federação local.
Em campo, tanto num jogo como no outro, os poucos torcedores puderam ver, também, belas jogadas de craques como Romário, Sávio, Edmundo, Aílton etc., todos disputando o torneio errado.
De resto, nada que se salve, tudo errado, desde o árbitro manipulado que não tem coragem de expulsar Romário até cartolas ridículos que só fazem desanimar o torcedor que ainda se mantém fiel e comparece aos estádios.
O que leva a conclusão inevitável de que com esse modelo não restará outro caminho a um Romário, por exemplo, que não seja o do retorno à Espanha.
*
Sentenciou o juiz Luiz Flávio Gomes, da 26ª Vara Cível, sobre o laudo da Unicamp, por ele solicitado, na questão que envolveu o ex-presidente do São Paulo Mesquita Pimenta, e o empresário de jogadores Todé: "Deprende-se do laudo que uma das vozes, presentes na gravação, é de José Eduardo Mesquita Pimenta. Isso é o bastante para admitir como verdadeiros, ao menos, vários trechos das conversações". E, mais adiante: "O que querelado (Todé) divulgou para um grupo de diretores do São Paulo era verdade".
Com o que, de uma vez por todas, dou o tema por encerrado.

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