São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
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Purgatório

MELCHIADES FILHO

2 x 0, 4 x 0, 7 x 0, 9 x 0... 19 x 0! Assim, como ficção, evoluiu o placar anteontem em Boston. E, na dianteira, os visitantes, o Atlanta Hawks.
Foi a 50ª derrota (90 x 114) nesta temporada do time mais importante da história da NBA.
Nesse ritmo -a tendência, com a aproximação dos playoffs, é de que caiam de produção ainda mais-, os Celtics vão terminar a temporada com risíveis 16 vitórias.
Trata-se da pior performance da franquia em 50 anos (o New York é o outro único remanescente do nascimento da NBA).
Com um recorde de 16 títulos, ela não levanta um campeonato desde 1986.
Uma pena, já que, ao lado do Los Angeles Lakers, foi a responsável pela polinização do basquete norte-americano pelo planeta, nos anos 80.
Essa semente gerou, aqui no Brasil, uma das maiores torcidas de um time da NBA.
Para essa legião angustiada de fãs, resta meditar sobre quanto tempo a equipe vai levar para se reerguer.
O técnico/dirigente M.L. Carr aposta que o purgatório vai durar apenas mais um ano.
Tudo porque o Boston tem o direito a duas seleções no próximo recrutamento de atletas universitários.
Sonha em fisgar o pivô Tim Duncan, da Universidade de Wake Forest, e o ala-pivô Keith van Horn, da de Utah, e se recuperar a partir daí.
Mas o otimismo de Carr esbarra na história. Nunca um time com aproveitamento inferior a 25% deu a volta por cima em apenas um ano.
Desde a implantação do calendário de 82 jogos, em 67-68, dez equipes registraram campanha similar ao Boston-97 (excluo, por razões óbvias, as recém-criadas).
Em média, elas precisaram de três temporadas para voltar aos playoffs. Só três chegaram ao título -Philadelphia, Houston e Detroit-, mas após pelo menos nove anos de reconstrução.

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