São Paulo, terça-feira, 11 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Esclarecimento; São Paulo FC; Outros tempos; O verdadeiro sugador; Pesadelo; Obesidade

Esclarecimento
"A propósito da carta do ex-chefe da Procuradoria Fiscal ('Painel do Leitor', 8/3), na qual afirma que comunicou ao Conselho da Procuradoria Geral do Estado 'fatos que antecederam sua exoneração' e que o procurador-geral teria 'silenciado', desejo fazer os seguintes esclarecimentos.
1) O mencionado procurador compareceu à reunião do Conselho da PGE do dia 6 de março. Nela, fez uma defesa de sua gestão à frente da Procuradoria Fiscal e externou suas convicções, exercitando livremente seu direito de opinião.
Não fez qualquer referência ao caso de suposto favorecimento de determinada empresa por parte das autoridades fazendárias, nem, muito menos, estabeleceu qualquer ligação entre isso e o motivo de sua exoneração.
Ademais, nenhum dos 14 membros do Conselho (nove eleitos diretamente pelos integrantes da carreira e, portanto, titulares de mandatos) entendeu necessário solicitar qualquer esclarecimento sobre o conteúdo da explanação do ex-chefe da Procuradoria Fiscal.
2) O Conselho da PGE reúne-se ordinariamente às quintas-feiras e, por força de dispositivo regimental, garante a manifestação dos integrantes da carreira no 'Momento do Procurador', espaço no qual o procurador se manifestou, e poderá se manifestar no momento em que entender conveniente, como é de seu conhecimento.
3) É prática antiga do Conselho da PGE o envio da ata das reuniões a todas as unidades da instituição.
4) A relação de confiança que deve nortear o exercício conjunto de cargos na administração pública não se esgota na questão técnica. Seu conceito inclui o espírito de unidade na condução dos negócios públicos."
Marcio Sotelo Felippe, procurador-geral do Estado (São Paulo, SP)

São Paulo FC
"Sobre o artigo 'Fatos e fitas' (28/2) na coluna do jornalista Juca Kfouri: o conceito que faz o colunista sobre a minha pessoa enquanto presidente do São Paulo Futebol Clube, com o máximo respeito, me é indiferente.
Desde logo, não posso concordar com a falsa afirmação de que 'permiti o começo da ruína do Morumbi'.
Alguns dados referentes à estrutura do estádio: constituição de equipe permanente contando com 16 profissionais; foram executados serviços de recuperação em todo o estádio.
Quanto às ações judiciais e seu andamento: propus ação visando anular a decisão que me eliminou do cargo de conselheiro vitalício, não tendo logrado sucesso perante as duas instâncias do Poder Judiciário Estadual, sem que jamais tenha este examinado, no mérito, o motivo que a determinou (alegada prejudicialidade ao São Paulo decorrente de contrato firmado com a firma SP Sport), entendendo tratar-se de assunto interno do clube, decisão essa da qual recorri para o Supremo Tribunal Federal.
Propus medida cautelar visando apurar a existência ou não de lucros decorrentes do contrato que firmei, juntamente com quatro outros diretores, com a mencionada SP Sport.
A medida deferida em primeira instância foi impugnada pelo São Paulo para impedir a sua realização, o que ensejou de minha parte recurso para o Superior Tribunal de Justiça em Brasília.
Nesse ínterim, a perícia foi praticamente concluída, onde se lê em conclusão: 'Pelo que nos foi dado examinar até o presente momento, não houve a ocorrência de prejuízos econômicos/financeiros para o São Paulo Futebol Clube'.
No que diz respeito à fita, ou o jornalista não leu ou, se leu, não apreendeu corretamente as conclusões a que chegaram os senhores peritos da Unicamp.
A simples constatação de que as fitas em questão não são originais, nem autênticas e foram manipuladas é por si só extremamente grave, mas não teria o significado alcançado não fora a conclusão cabal de que a sua edição (montagem) ocorreu exatamente nas frases que sugerem o meu comprometimento moral, alterando-lhes, por conseguinte, o sentido original.
Faço um apelo ao jornalista para deixar de apregoar que era eu, à época, o único alto dirigente do nosso futebol com quem conversava regularmente, posto que nossos encontros não passaram de dois ou três, se tanto, dois dos quais, bem me lembro, absolutamente casuais."
José Eduardo Mesquita Pimenta, ex-presidente do São Paulo Futebol Clube (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia resposta do jornalista Juca Kfouri à pág. 3-9 (Esporte).

Outros tempos
"A atitude da Câmara Legislativa do Distrito Federal em não conceder o título de cidadão brasiliense ao ministro Pelé, por ter se negado a reconhecer a paternidade de sua filha Sandra Regina, merece aplausos.
A coragem e consciência dos deputados distritais pode ser considerada uma opção paradigmática, sinal de que a cultura machista do poder começa a ser desafiada.
Pelé é o esportista do século, mas não é uma referência em relação à paternidade responsável.
Isso pesou na hora de conferir um título de cidadania, sinal de que os tempos estão mudando."
Marta Suplicy, deputada federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

O verdadeiro sugador
"Há um lamentável equívoco no editorial desta Folha de 23/2 ('Inquebráveis sugadores'). O Banco do Brasil não é um sugador do governo e sim o contrário.
É no cofre no Banco do Brasil que a União busca recursos para salvar empresas e empresários falidos.
O investimento que o governo fez no BB nada mais foi do que pagar sua dívida com o banco, e obrigou o acionista minoritário a ajudar a cobrir o rombo.
Ainda não é necessário privatizar o BB; o que é preciso é moralizar os governos que o usam como se fosse uma inesgotável fonte de recursos."
Luzia Lobato, jornalista da União Nacional dos Acionistas Minoritários do Banco do Brasil (Belo Horizonte, MG)

Pesadelo
"Depois de uma vida profissional laboriosa, cai sobre a minha cabeça e de milhares de profissionais como eu um projeto de lei do Senado revogando o exercício da profissão de nutricionista. É um pesadelo!
Quem é esse senador Gilberto Miranda? O que ele pensa (se é que pensa) que está fazendo?
Quem lhe conferiu tal poder para arrasar uma categoria inteira?"
Sandra C. Waissman (Rio de Janeiro, RJ)

Obesidade
"Não somente na endocrinologia, mas em toda ciência médica, o especialista não pode jamais esquecer que somos um conjunto biopsicossocial. Portanto, o médico que buscar a causa sobre um só aspecto comete falha elementar.
No caso específico da obesidade, a falha inicia na falsa crença de que é da especialidade do endocrinologista.
Não é, pois somente 1% dos obesos apresentam distúrbios hormonais. O desequilíbrio mental (imaturidade psicológica, neurose coletiva) é que está provocando a obsessão com o conceito de estética atual.
Por que os endocrinologistas não aguçam suas inteligências e corrigem seus conceitos, inclusive suas avaliações de peso corpóreo?"
Hely F. Carneiro (Sorocaba, SP)

Texto Anterior: ERRAMOS
Próximo Texto: ERRAMOS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.