São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997
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Comissão investiga gerentes do Banestado

ALEX RIBEIRO
DANIEL BRAMATTI

ALEX RIBEIRO; DANIEL BRAMATTI; DEISE LEOBET
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Gerentes do banco estadual do Paraná teriam depositados mais de US$ 1 milhão no exterior
A CPI dos Precatórios começou a investigar ontem mais três contas bancárias no exterior mantidas por supostos envolvidos no esquema de venda dos títulos públicos.
O senador Bernardo Cabral (PFL-AM), presidente da CPI, recebeu relatório do Banco Central sobre uma conta, supostamente ligada ao Banco Vetor, no Nations Bank, em Houston (EUA).
Além disso, a comissão obteve documento que indica a intenção do Banco Vetor de não pagar impostos sobre parte da comissão recebida pela colocação de títulos estaduais no mercado.
Trata-se de uma consulta jurídica feita entre dois escritórios de advocacia, a pedido de Gustavo Magalhães, apontado como administrador do banco.
O texto diz que o Vetor considerou conveniente repassar parte da taxa recebida como comissão para outra instituição, que daria garantia da colocação dos títulos.
A seguir, surge a primeira pergunta: se a instituição garantidora -"uma sociedade não financeira"- estivesse domiciliada na Ilha da Madeira, o imposto na fonte poderia deixar de ser pago "em função do tratado Brasil-Portugal para evitar dupla tributação?"
Outra questão se refere à chance de deduzir do Imposto de Renda as despesas ocorridas com o repasse de parte da taxa. O texto, com data de 16 de novembro de 1996, não traz respostas às perguntas.
O dono do Vetor, Fábio Nahoum, disse ontem em depoimento à CPI que a conta é de uma prima, Magda Nahoum, e que ele teria lhe remetido dinheiro da venda de um apartamento no Rio.
Duas das novas contas investigadas estariam em agência do Citibank nos EUA. Seriam ligadas ao suposto esquema de emissão de debêntures (títulos de empresas privadas ou estatais) no Paraná.
As contas do Citibank seriam de funcionários do Banestado, o banco estadual do Paraná.
Uma das contas teria o número P5120MPE e seria mantida por José Édson Carneiro Souza, com saldo de US$ 1,528 milhão.
A outra teria o número P6120MPS e seria mantida por Luiz Antônio Lima, com saldo de US$ 1,698 milhão.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR), relator da CPI, deverá solicitar diligências para checar se essas contas estão relacionadas à emissão de debêntures da Banestado Leasing e Corretora Banestado.
A CPI tem indícios de que cerca de R$ 300 milhões desses títulos tenham sido comprados pela distribuidora Boa Safra.
Gerentes do Banestado
A assessoria de imprensa do Banestado informou que José Édson Carneiro Souza e Luiz Antônio Lima são gerentes da instituição.
Segundo a assessoria, Souza trabalha como gerente de operações da Banestado Leasing e funcionário de carreira há cerca de 10 anos.
A Agência Folha tentou falar com Souza, mas sua secretária informou que ele estava em reunião.
Por telefone, a Agência Folha conseguiu falar com uma mulher que se identificou como Eliane. Ela disse ser mulher de Souza e negou que ele tivesse conta no exterior.
"Você acha que se meu marido tivesse todo esse dinheiro ele continuaria trabalhando como gerente do Banestado?", perguntou.
Luiz Antônio Lima também não foi localizado pela Agência Folha. O Banestado informou que ele está em viagem. Lima agora ocupa uma gerência de divisão do banco.

Colaborou Deise Leobet, free-lance para a Agência Folha, em Curitiba

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