São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997
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Professor já tinha sido desenganado

Ele é soropositivo há 10 anos e teve 3 pneumonias

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O professor de inglês Fernando Piers, 34, diz que várias vezes já se sentiu incluído na lista dos mortos pela Aids. "Quatro anos atrás, o médico chamou meus pais para dizer que me restavam alguns dias", afirma.
Piers não foi salvo pelo coquetel, que ainda não existia, mas pelo tratamento adequado dado às várias infecções que pegou nos últimos anos. "Já passei por três pneumonias, tuberculose, toxoplasmose e quase fiquei cego pelo citomegalovírus. Os médicos já me mataram várias vezes, até que encontrei um de confiança."
Piers é um entre as centenas de pacientes de Aids que estão ampliando a sobrevida. Ele acredita que pegou o HIV dez anos atrás e teve os primeiros sintomas há cinco anos. Ele relata que começou a tomar o coquetel há duas semanas e diz que engordou três quilos nesse período.
Seu estado melhorou tanto que Piers faz um alerta ao governo. "Não pare de distribuir o coquetel. O número de internados e de mortes vai diminuir muito." Para controlar o citomegalovírus, que pode deixá-lo cego, ele passa duas horas recebendo medicamento no CRT-Aids, todos os dias. "Aproveito para ler e preparar minhas aulas", afirma.
Além de alunos particulares, Piers treina estudantes e funcionários de uma universidade da Grande São Paulo.
O professor de ioga Roberto J., 34, chegou a ser internado em novembro do ano passado com as defesas do organismo totalmente debilitadas. "Achava que não tinha mais retorno", disse. Roberto se recuperou e acredita que ainda vai viver muito. "Estou procurando uma nova atividade, mas a ioga me ajuda a melhorar a qualidade de vida."
Ele ficou sabendo da infecção quatro anos atrás e caiu doente em 94, quando seu companheiro morreu. "Se você fica em baixa, a doença te pega e não larga mais." (AB)

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