São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997
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Começa hoje encontro que vai avaliar os resultados da Eco-92

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Presidente da ONG (organização não-governamental) Conselho da Terra, o canadense Maurice Strong disse que, cinco anos após a Eco-92, o desafio para solucionar os problemas ambientais do planeta "é ainda maior".
Ex-secretário-geral da Eco-92 -conferência da ONU que estabeleceu, no Rio, acordos para garantir o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental-, Strong é responsável pela organização da conferência Rio+5, que começa hoje na cidade.
O encontro pretende avaliar os recuos e progressos dos países na área ambiental, cinco anos após a Eco-92. Em entrevista coletiva, Strong fez um balanço negativo da implementação dos acordos estabelecidos na Eco-92.
Ao citar a Convenção de Clima, ele disse que não foi cumprida a meta de redução da emissão de gás carbônico (CO2) -um dos principais gases que, liberados para a atmosfera, provocam o efeito estufa (aquecimento da temperatura da terra).
Investimentos
Segundo ele, a assistência financeira de organismos oficiais para países mais pobres está sendo reduzida.
Strong disse que os investimentos privados aumentaram de 5% a 6%, mas estão indo basicamente para países com maior desenvolvimento econômico.
Para Strong, o aprofundamento dessa "dicotomia" está criando "uma base para novos conflitos sociais".
Ele afirmou existirem exemplos de avanços ambientais, mas que ainda não são suficientes para reverter esse quadro negativo. "Apesar desses avanços, continuamos na direção de um desenvolvimento não sustentável."
Dentre os exemplos positivos, ele disse que "vários setores" empresariais têm adotado práticas que estão de acordo com os preceitos definidos na Agenda 21.
A Agenda 21 estabelece uma série de recomendações para que os países adotem ações de desenvolvimento sustentável.
Desenvolvimento sustentável
Em todo o mundo, Strong afirmou que cerca de 16 milhões de engenheiros, através de suas associações, estão criando parcerias para desenvolver ações de desenvolvimento sustentável.
Strong disse que cerca de 100 países e 1.600 cidades já criaram os seus conselhos de desenvolvimento sustentável. Reunindo representantes de governos e da sociedade civil, esses conselhos devem supostamente propor políticas de desenvolvimento sustentável.
A criação desses conselhos é uma das principais recomendações da Agenda 21. O governo brasileiro só criou o seu conselho nacional no final de fevereiro, menos de um mês antes da Rio+5.
Após participar de debate do workshop governamental "Agenda 21, Brasil", organizado no Rio, o ministro do Meio Ambiente, Gustavo Krause, disse que o conselho demorou a ser criado porque houve muita discussão sobre a melhor forma de estruturá-lo, com a participação de ONGs e empresas.

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