São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 1997
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Diretores do 'Faustão' depõem sobre 'Latininho'

FERNANDA DA ESCÓSSIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Carlos Manga e Deudedit (Detto) Pires Costa, diretores do programa "Domingão do Faustão", da Rede Globo, foram interrogados ontem na 37ª Vara Criminal da Justiça do Rio sobre a aparição do garoto R.P.S., 15, no programa de 8 de setembro do ano passado.
O garoto sofre de uma deficiência no crescimento, mede 87 centímetros e tem idade mental de uma criança de três anos. Vestido com roupas de couro pretas, como o cantor Latino, o garoto dançou, dublou o ídolo e ganhou o apelido de "Latininho".
Com base no artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Ministério Público do Rio entrou com uma ação na Justiça acusando a equipe de causar "vexame e constrangimento" ao menino.
O apresentador Fausto Silva e o diretor Jaime Praça não compareceram à audiência de ontem. Segundo o juiz Maurílio Passos da Silva Braga, os dois "não foram localizados".
Há três semanas, a audiência do caso foi cancelada porque os acusados não foram depor. O apresentador Fausto Silva mora em São Paulo, mas vem semanalmente ao Rio fazer o programa. Ele poderá responder ao interrogatório em São Paulo, por medida precatória.
O juiz Braga ofereceu a Manga e Costa o benefício de suspensão do processo por dois anos, garantido a réus primários acusados de crimes cuja pena mínima é inferior a um ano.
Os dois recusaram o benefício. "Sou inocente. Se eu aceitasse, pareceria uma solução arranjada", afirmou Manga, em sua única declaração ao deixar o tribunal. Costa não quis comentar o caso.
Segundo o juiz Maurílio Braga, um dos pontos chaves do processo é saber quem de fato foi o responsável pela participação do garoto. O artigo 232 do Estatuto da Criança determina punição para quem submeter a situações constrangedoras crianças sob sua guarda, autoridade ou vigilância.
Isso poderia acarretar a responsabilização dos pais do garoto. A acusação considerou no entanto, que, além da guarda legal dos pais, no momento do programa o poder sobre a criança foi exercido pela equipe do "Domingão".
Os pais do garoto vivem em Colatina (ES). Como o processo corre em sigilo para preservar a privacidade do garoto, o juiz não informou sobre o paradeiro nem o envolvimento da família no caso.
O Departamento de Divulgação da Rede Globo foi procurado pela Folha para dar a posição da emissora sobre o processo, mas não se manifestou até as 18h de ontem.

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