São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tríplice recolhida imunizou vacinados

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As crianças que tomaram as três doses da vacina tríplice recolhida ontem pelo governo -inclusive as que apresentaram reações adversas- estão imunizadas contra tétano, coqueluche e difteria e só precisam tomar a dose de reforço para concluir a imunização.
"Os pais podem ficar sossegados porque a vacina não teve nenhum problema em termos imunológicos. Ela foi recolhida porque sua toxidade era excessiva e isso estava causando reações adversas em proporção acima da esperada", disse Maria de Lourdes de Sousa Maia, imunologista da FNS (Fundação Nacional da Saúde).
O governo federal determinou anteontem que Estados e municípios recolhessem 3,6 milhões de doses da DPT (tríplice) importadas da Índia e que já estavam nos postos de saúde, porque sua toxidade estava acima do normal.
Segundo a FNS, os lotes condenados foram apreendidos ontem mesmo e já estão fora de circulação. "Os pais podem levar seus filhos para vacinar com segurança, porque as vacinas que sobraram não causam perigo algum", disse.
Os sintomas de reação à vacina aparecem até 48 horas após a aplicação da dose. Eles só devem preocupar os pais se forem sintomas fortes, como febre acima de 40ºC e abscessos no local da aplicação.
"Febre branda e dor leve não devem preocupar ninguém porque são sintomas previstos", explica a imunologista.
Devolução
Ao todo, o governo brasileiro gastou R$ 1,1 milhão com a compra de 6 milhões de doses de tríplice importadas da Suíça (do Serum Institute) e 5 milhões da Índia (do Indian Institute).
Pelo menos 10 milhões de doses estavam inadequadas para uso e foram recolhidas.
Outras 810 mil doses da vacina indiana ainda estão sendo testadas. Se também estiverem com toxidade acima do normal, serão devolvidas ao Indian Institute.
O contrato de compra firmado entre o governo brasileiro e os laboratórios suíço e indiano prevê que, caso as vacinas estejam em condições inadequadas para consumo, os fornecedores têm de aceitá-las de volta e fornecer novos lotes sem problemas.
"Ou eles fabricam novas doses, que passem pelo controle de qualidade, ou então vão comprar de outros laboratórios para repor o que tivemos de devolver."
Não há no contrato prazo para a restituição. Por isso, o Ministério da Saúde já está providenciando a compra de 6 milhões de doses em caráter emergencial, dispensando a necessidade de licitação. As vacinas indianas e suíças foram liberadas antes de serem concluídos os testes porque o país corria risco de desabastecimento.

Texto Anterior: Talidomida pode melhorar saúde
Próximo Texto: Postos ainda têm lotes válidos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.