São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 1997 |
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Programa faz prévia de projeto de Spielberg sobre nazismo GNT exibe "Sobreviventes do Holocausto" na quinta JOSÉ GERALDO COUTO
No documentário, só falam uns 15 sobreviventes, mas é o que basta. São judeus da França, Alemanha, Holanda, Polônia e outros países da Europa, que viveram (se este é o verbo) parte da sua infância e juventude em campos de concentração nazistas, onde viram morrer seus parentes e amigos. Ilustrando os depoimentos, apresentam-se imagens de arquivo: filmes, fotos, gravuras e todo tipo de objeto que remeta ao horror do Holocausto. Cenas da vida judaica antes da guerra, a formação dos guetos, a prisão e envio dos prisioneiros, em trens, para os campos etc. Sobriedade A não ser pelo eventual excesso de música melosa, que trai um sentimentalismo bem ao gosto de Spielberg, tudo é muito sóbrio, seco e contundente. Os depoimentos, sobretudo, são de uma minúcia dilacerante: uma mulher, hoje com seus 60 anos, lembra o momento exato em que se perdeu da mãe no alvoroço da distribuição de prisioneiros; um senhor de terno impecável recorda como foi obrigado a jogar um colega de prisão, moribundo, no forno crematório etc. etc. etc. Como regra geral, os depoentes começam suas falas plenos de objetividade e firmeza -e acabam chorando como crianças. Um deles resume numa frase o sentimento geral: "Eu quero esquecer, mas não quero esquecer". Outro se diz aliviado: "Agora que desabafei, talvez eu consiga não enlouquecer". Para os que viveram o horror, falar sobre essas lembranças tem certamente um efeito doloroso, mas catártico e salutar. Resta saber que efeito elas terão para os que não estavam lá, e que hoje vivem imersos na banalização da violência e da crueldade. Steven Spielberg, em todo caso, faz sua parte. O projeto "Survivors of the Shoah" prevê a transformação de 40 mil depoimentos em material educativo -CD-ROMs, filmes, livros etc.- a ser divulgado em todo o mundo. No Brasil, já foram realizadas 150 entrevistas. Texto Anterior: Saiba quem são os finalistas Próximo Texto: "Já escrevi meu principal livro", diz Cony Índice |
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