São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 1997
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"Opus" tira teatrão do sério

DANIELA ROCHA
ENVIADA ESPECIAL A CURITIBA

"Opus Profundum", a peça-festa-manifesto-show que Dionisio Neto fez em conjunto com Eugênio Lima, do grupo de street dance Unidade Móvel, é a estréia mais esperada de hoje no 6º Festival de Curitiba.
"Opus Profundum" veio para quebrar padrões do teatro convencional. Tem música quase o tempo todo, mas não é um musical, por isso tem mais a forma de um show.
"Mas também não é apenas um show, porque tem um estrutura dramatúrgica", diz Dionisio Neto, que escreveu, dirige e atua em "Opus Profundum".
O espaço onde tudo no espetáculo acontece é uma metrópole. Três personagens centrais falam três monólogos, sobre solidão e busca da identidade.
Eles são o fã obcecado e band leader Natale (Dionisio Neto), o fotógrafo "podreira" Pasquale (Renata Jesion) e a estrela de cinema Carnavale (Sandra Babeto). Natale coloca na Internet um convite para uma festa, com o objetivo de atrair Carnavale, seu ídolo.
Em meio a essa situação entram os dançarinos de street dance, ao som de uma banda que toca ao vivo uma mistura de black music com maracatu e rock.
Dionisio e Eugênio querem que o público se veja no palco. Ambos querem mostrar algo novo, que eles próprios criaram, sem negar influências que podem vir de Warhol ou Prince.
"O teatro não pode mais ignorar as artes plásticas, a música, o cinema", disse Eugênio.
"Parece que teatro está restrito a montagens ditadas por manuais do século 19 e que no palco só podem entrar Stanislawsky e Grotowsky. Queremos mostrar situações humanas atuais com a linguagem atual", disse Dionisio, que busca fazer uma dramaturgia pós-Plínio Marcos.
"Opus Profundum", segundo ele, é a necessidade da profundidade: "É possível na era pop atingir a profundidade. Esse é o desafio da renovação da linguagem."
O espetáculo será apresentado no teatro Guaíra, que tem capacidade para 2.100 pessoas.
Para um teatro grandioso, a apresentação promete ser grandiosa. Um telão de 10m por 14m será colocado ao fundo do palco para projeções de imagens como fotos de grafites e cenas em vídeo, que incluem mostrar para o público, ao vivo, o que está acontecendo nos camarins.

A repórter Daniela Rocha e o fotógrafo Otavio Dias de Oliveira viajam a Curitiba a convite do festival

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