São Paulo, domingo, 16 de março de 1997
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Ciberterapeutas publicam lista de preços

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Pragmáticos, os ciberterapeutas trazem em locais bem visíveis de suas páginas na Internet a lista de preços de seus serviços, como se estivessem vendendo sanduíches de sabores variados.
Também oferecem uma facilidade cada vez mais empregada por quem faz negócios na rede de computadores: a possibilidade de o paciente pagar o tratamento sem sair de casa, usando o cartão de crédito, cujo número é enviado a partir do próprio computador.
Quase todos os terapeutas virtuais oferecem, ainda, um recurso muito conhecido no mundo das vendas: a primeira sessão grátis.
A psicóloga Judith Schwambach, por exemplo, anuncia -com destaque- em sua página que oferece aconselhamento grátis.
Mas, logo, o futuro paciente descobrirá o seguinte: a consulta só será gratuita se a dra. Judith, como gosta de ser chamada, gostar do caso narrado pelo paciente. Se isso ocorrer, ela dará uma resposta grátis, e a publicará em seu boletim on line, disponível na Internet, eliminando o nome do paciente.
Alguns terapeutas, mais confiantes que a dra. Judith, chegam a propor a seus futuros pacientes um esquema Sears: satisfação garantida ou seu dinheiro de volta.
"Se você sentir que a consulta valeu, então vou pedir que me envie um cheque para o endereço que incluirei", avisa, por exemplo, o psicólogo Leonard Holmes em sua página. Ou seja, se julgar que a consulta não valeu a pena, o paciente não precisa pagar.
Os terapeutas virtuais são tão bem organizados que já existe uma espécie de lista telefônica, tipo páginas amarelas, na Internet, onde podem anunciar os seus serviços. Na semana passada, a Folha contou 51 ciberterapeutas na lista.
Código de conduta
Aos olhos de um psicanalista tradicional, a ciberterapia pode parecer picaretagem pura. Mas os terapeutas on line, nos EUA, ao menos se esforçam para parecerem sérios.
Muitos deles são filiados à Helth on the Net Foundation (HON), uma entidade que agrega profissionais da área de saúde que oferecem serviços na Internet.
A HON tem um código de conduta que precisa ser subscrito pelos seus associados. Um dos princípios fundamentais deve ser: "As informações oferecidas por este site servem para dar apoio, não substituir, a relação que existe entre o paciente e seu médico".
Outra entidade que tenta discutir o que se passa nos divãs virtuais é a Society for Computers in Psychology, que organiza congressos anuais desde 1971 sobre como utilizar o computador em benefício da psicologia.
No último congresso, realizado em Chicago, em outubro de 96, a ciberterapia foi tema de inúmeras palestras.

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