São Paulo, domingo, 16 de março de 1997
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Uso é proibido, diz Conselho de Psicologia

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, terapia on line é algo incompatível com a profissão de psicólogo. "Esse uso é proibido. A psicoterapia requer um 'setting', um espaço, para atenção especial", diz o conselheiro Marcos Colen, da Comissão do Centro de Orientação do CRP.
Colen conta que, somente este ano, já recebeu duas consultas de psicólogos dispostos a oferecer serviços de terapia on line -e recomendou aos dois desistirem da idéia. No ano passado, o CRP também foi procurado por profissionais com a mesma dúvida.
O CRP também tem algo a dizer sobre os psicólogos que afirmam não fazer terapia on line, mas apenas oferecer serviços de aconselhamento por computador.
"Não é função do terapeuta aconselhar. Ele deve ajudar o paciente a verificar o que representa uma determinada intenção ou ação, não dar conselhos", diz o conselheiro Colen.
O CRP já havia se manifestado claramente contrário a outras formas heterodoxas de atendimento, em particular por telefone.
"Ao psicólogo é vedado prestar serviços ou mesmo vincular seu título de psicólogo a serviços de atendimento psicológico via telefônica", pode-se encontrar num de seus regulamentos.
Freud usou textos
A psicanalista Miriam Chnaiderman compara os serviços de terapia on line a serviços de atendimento gratuitos, como o CVV (Centro de Valorização da Vida), que oferece, por telefone, ajuda a pessoas com problemas variados. "Acho interessante enquanto um pronto-socorro", diz.
Já a possibilidade de, um dia, fazer psicanálise por computador parece distante, avalia Miriam.
A psicanalista reconhece que, pelo menos em um caso, Freud trabalhou e chegou a importantes conclusões sem ter contato cara a cara com um paciente (o caso Schreber, analisado por ele a partir de textos).
Mas Miriam acha "impossível" haver transferência e livre associação, dois pontos básicos da psicanálise, pela Internet.
"A psicanálise tem que se repensar, mas acho que jamais vai se eliminar a necessidade do encontro entre psicanalista e paciente", diz.

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