São Paulo, domingo, 16 de março de 1997
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De encantos, Pitta e FHC

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Nas vésperas da eleição paulistana de 1996, o líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP), sonhava com alguma magia capaz de romper o encantamento que, para o deputado tucano, estava conduzindo Celso Pitta ao comando da cidade.
As preces de José Aníbal foram atendidas, ainda que com imperdoável atraso.
Pitta elegeu-se prefeito, mas, quatro meses após a vitória e dois meses e meio depois da posse, parece mais em estado de sítio do que em estado de graça.
Não é só o caso dos títulos municipais, em relação aos quais pesa uma suspeita sobre Pitta, mas nada há de efetivamente comprovado. É todo um conjunto de desencantos, que vão do excesso de buracos nas ruas à lentidão do trânsito.
Ou a inversão do encantamento que José Aníbal enxergava antes do 3 de outubro, afinal responsável pela vitória eleitoral do candidato malufista.
É sempre possível que o desencanto desapareça, talvez tão depressa quanto surgiu. Como dizem os cronistas esportivos, política é uma caixinha de surpresas.
Mas o mais razoável é acreditar que, em países em eterna construção, como o Brasil, fenômenos desse gênero possam ocorrer com muita facilidade. Fernando Collor, de certa forma, já foi a bola da vez, anos atrás.
Essa constatação não deve, no entanto, servir de consolo para os oposicionistas desnorteados e, no íntimo, convencidos de que Fernando Henrique Cardoso é imbatível para 1998.
FHC não é um fenômeno de encantamento nem de popularidade pessoal provocado por fatores mais ou menos intangíveis. É o produto eleitoral de um plano de estabilização que, sob esse aspecto, funcionou e continua funcionando.
Não adianta reza brava para desfazer o encantamento enquanto os preços estiverem estabilizados. Encanto é encanto, bolso é bolso.

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