São Paulo, domingo, 16 de março de 1997
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Diversão e arte

GABRIELA MICHELOTTI

Museus paulistanos adotam o estilo "shopping center", com lojinhas de souvenir e restaurantes, para conseguir dinheiro para as grandes exposições
Depois da explosão de público com exposições internacionais de peso -como Rodin e Miró-, os museus paulistanos continuam às voltas com o problema da falta de verbas.
Para conseguir mais exposições, mais visitantes e ampliar seu acervo, alguns curadores estão imitando os grandes museus internacionais e partindo para o estilo "museu shopping center".
"Há puristas que defendem um museu só para arte. Mas, hoje, o museu deve ser também um shopping center", afirma Emanuel Araújo, curador da Pinacoteca do Estado, que recebeu mais de 120 mil pessoas na exposição de Rodin, em 1995.
Por shopping center, Araújo entende um museu com restaurantes, café, auditório e loja de souvenirs.
E a "transformação" não pára por aí. Os museus estão também criando auditórios, circuitos audiovisuais, cursos de arte e até alugando o seu espaço para festas de casamento. O dinheiro vai todo para o restauro e aquisição de obras, além da montagem de grandes exposições.
Reformas
A Pinacoteca, por exemplo, iniciou uma reforma neste mês que vai durar 13 meses. Serão construídos um restaurante, um café e um auditório para concertos.
"Teremos um lugar onde as pessoas possam comer e desfrutar de arte", afirma Araújo. A reforma vai também melhorar o espaço museológico.
"A Pinacoteca era um prédio inacabado, portanto precário. Vamos climatizar as salas e fazer um circuito audiovisual, com CD-Rom", diz.
O MASP (Museu de Arte de São Paulo), que já tem restaurante, está agora reformando seus dois auditórios -para acabar com o problema do barulho do metrô- e construindo mais um.
Já o MAM (Museu de Arte Moderna), que aumentou seu número de visitantes de 12 mil em 1995 para 140 mil em 1996, não terá reformas, mas arrumou uma outra maneira de conseguir dinheiro: vai aumentar os eventos não diretamente ligados à arte.
"Nós estamos alugando o espaço do museu para festas. Um casamento, por exemplo, foi feito aqui e a família alugou algumas obras para serem expostas. Com o dinheiro, restauramos uma pintura", afirma Tadeu Chiarelli, curador do MAM.
Outra providência, segundo Chiarelli, é melhorar a lojinha do museu. "Queremos fazer da loja do MAM um entreposto de arte brasileira, onde será possível comprar obras publicadas em vários Estados, que são difíceis de achar aqui", diz.
Compras
Aliás, as lojas de souvenirs, que são uma atração à parte em museus como o Louvre, em Paris, o Moma (Museum of Modern Art), em Nova York, e o Prado, em Madri, deverão crescer também nos museus nacionais.
"O marketing do MAC está desenvolvendo uma linha de souvenirs para o museu. Queremos que ela assuma o perfil das lojas dos grandes museus", afirma Lisbeth Rebollo Gonçalves, diretora do MAC (Museu de Arte Contemporânea).
Outra novidade é que, para aumentar a participação da comunidade nos museus, agora eles oferecem cursos.
O Masp foi o primeiro, com seu curso de história da arte. O MAM inaugura neste semestre também um curso de história da arte, voltado para arte brasileira e contemporânea, e o MAC oferece cursos para a terceira idade.
Exposições
Graças a esse dinheiro arrecado em atividades ditas "paralelas", as grandes exposições devem continuar neste ano.
No momento, o Masp exibe o artista italiano Giorgio Morandi, a Pinacoteca, a francesa Niki de Saint Phalle, e o MAM, o polêmico Mapplethorpe.
Em especial o Masp, que completa cinquenta anos, caprichou nas exposições para 97. Primeiro foi a arte italiana em coleções brasileiras, que aconteceu de novembro a janeiro e reuniu obras do "trecento" ao modernismo italiano.
Agora, além de Morandi, o museu prepara exposições de Michelangelo e Claude Monet.
As retrospectivas nacionais não ficam atrás. O MAC fará a primeira grande mostra de Burle Max no país. O Masp terá Portinari, e o MAM, depois de Carlos Zilio e Anita Malfatti, mostra Rego Monteiro e Anna Bella Geiger.

ONDE ENCONTRAR Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp): av. Paulista, 1.578, Cerqueira Cézar. Tel. 251-5644. Horários: 11h/18h (terça, quarta, e sexta a domingo) e 11h/20h (quinta). Preço: R$ 6 e R$ 3 (às quintas). Museu de Arte Moderna (MAM): marquise do parque do Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Ibirapuera, zona sul. Tel. 549-9688. Horários: 13h/19h (terça a sexta) e 11h/18h (sábado, domingo e feriados). R$ 5. Museu de Arte Contemporânea (MAC). Sede: rua da Reitoria, 160, Cidade Universitária, Butantã, zona oeste. Tel. 818-3039. Horários: 12h/20h (segunda a sexta) e 9h/13h (sábado). Anexo: fechado. Pavilhão da Bienal: fechado. Grátis. Pinacoteca do Estado: av. Tiradentes, 141, Luz, região central. Tel. 227-6329. Horários: 11h/18h (terça a sexta) e 13h/18h (sábado e domingo. R$ 4 e grátis (às sextas)

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