São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juízes criticam edições de MP e reforma administrativa

Determinação do salário do funcionalismo é polêmica

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Membros do Poder Judiciário acentuaram ontem as críticas públicas à reforma administrativa, na semana prevista para início da votação dessa emenda constitucional no plenário da Câmara.
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Sepúlveda Pertence, e o presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), desembargador Paulo Medina, condenaram a possibilidade de os governadores fixarem os tetos salariais de cada Estado.
As críticas foram feitas durante encontro de juízes do Rio de Janeiro, que aprovaram um manifesto com novos ataques ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Outro item do documento aprovado pelos magistrados do Rio é um "repúdio à intromissão (do Executivo federal) na atividade legislativa" com a edição abusiva de MPs (medidas provisórias).
O relator da reforma administrativa, deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), propõe que governadores e prefeitos fixem os limites máximos de salários do funcionalismo nos Estados ou municípios.
Retrocesso
"Essa idéia (prevista na emenda) representa um retrocesso imenso na garantia de separação e independência dos Poderes e pode ser desastrosa para alguns Estados com menor desenvolvimento político e social", disse Pertence.
O que estaria em jogo seria o risco de os magistrados da Justiça Estadual precisarem recorrer a "barganha" para obter aumentos salariais junto ao governador.
Paulo Medina disse que lutará "com todas as forças para evitar que o juiz fique subordinado às paróquias políticas locais".
O Judiciário pressiona pela adoção de um escalonamento nacional dos salários das Justiças Estaduais em relação ao teto nacional proposto, de R$ 10.800 (pago a ministros do STF).
Sepúlveda Pertence disse ter conversado "mais de uma vez" sobre esse assunto com FHC e diversos governadores. Afirmou falar "constantemente" com Moreira Franco sobre esse dispositivo.
Na "Declaração por um Novo Judiciário", os magistrados do Rio reafirmam estar "apreensivos com os graves e recentes episódios do cenário político nacional".

Texto Anterior: Governo retoma reforma do sistema financeiro
Próximo Texto: Debate enfoca a nova lei de licitações
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.