São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Advogado de Nahoum quer medidas contra CPI

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O advogado do banqueiro Fábio Nahoum, Felipe Amodeo, está estudando medidas judiciais contra o que considera irregularidades na condução da CPI dos Precatórios.
Nahoum, um dos donos do Banco Vetor, é considerado pelos senadores que compõem a CPI como um dos mentores do esquema que teria causado prejuízos de R$ 500 milhões aos cofres públicos.
No final da tarde de ontem, ele se reuniu com seu sócio, Ronaldo Ganon, e com Amodeo na casa deste, em São Conrado (zona sul do Rio), para analisar as medidas a ser tomadas. O advogado não quis adiantar as hipóteses em estudo.
A principal irregularidade, segundo Amodeo, residiria no fato de Nahoum estar sendo supostamente tratado como réu e não como testemunha -condição em que é interrogado.
"Como testemunha, ele presta o compromisso de dizer a verdade. Se fosse réu, poderia até ficar calado", disse Amodeo. Para o advogado, a forma de condução da CPI vem infringindo o artigo 5º, inciso 10º, da Constituição, que afirma serem invioláveis a honra e a imagem das pessoas.
"Essas coisas absolutamente não estão sendo preservadas. Os depoentes são chamados de facínoras, integrantes de quadrilha, entre outras coisas, por diversos senadores, principalmente o relator, Roberto Requião, e as sessões são transmitidas ao vivo pela TV."
Conta
Amodeo acusa o senador Vilson Kleinubing (PFL-SC) de mentir na sessão em que afirmou que Nahoum possui uma conta bancária nos EUA, com base num pedaço de papel achado no gabinete de Nahoum no Banco Vetor, no Rio, e num suposto telefonema em que o Nations Bank of Texas teria confirmado a existência da conta.
No papel, lia-se a frase "Minha conta no Nations Bank de Houston é a seguinte:", seguida do endereço da agência e do número da conta.
O advogado mostrou à Folha o documento original de onde foi tirado o trecho: uma carta de uma prima de Nahoum, Magda Fanni de Torelli, em que ela informa o banqueiro sobre uma conta sua.
"Nenhum banco informaria o titular de uma conta por telefone. Ou o senador não tinha a carta na mão ou está conduzindo a investigação de maneira transversa."
Segundo ele, a apreensão da carta configura quebra do sigilo de correspondência. Amodeo disse que vai registrar esta semana queixa na Polícia Federal sobre o fato.

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