São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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'Criatividade não é um dom'

DA REPORTAGEM LOCAL

A criatividade não é um dom divino. É preciso provocá-la e, para isso, o "potencial" criativo deve somar informação e paixão.
Em resumo, essa é a idéia que o publicitário e professor Stalimir Vieira faz da palavra "criatividade" e da capacidade de cada um de produzir idéias inspiradas.
"O criativo não é um mágico. Ele não inventa do nada. Precisa ter muita informação e envolvimento com o trabalho", afirmou.
Segundo ele, o "dom da criatividade" não passa de informações suficientemente acumuladas a respeito de algo e usadas no momento adequado, para causar comoção.
Vieira, sócio da WG/Stalimir e professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), foi palestrante do ciclo "Arena do Marketing", promovido pela Folha. Na última quarta-feira, o publicitário falou sobre "Como identificar um potencial criativo".
Ambiguidade
Em sua exposição, Vieira listou características que podem ser encontradas em uma pessoa criativa.
Duas das mais importantes, de acordo com ele, são a curiosidade e o desejo de sociabilidade. Outra é a disposição para o risco.
"A criatividade é estimulada pela convivência. Não existe criativo ermitão. Para ser 'inspirado' é preciso buscar a convivência com todos os padrões humanos."
Essa convivência com todos os padrões humanos significa livrar-se dos preconceitos contra idéias ou fatos novos.
"O compromisso com a lógica formal é um dos problemas da evolução da criatividade. É preciso aceitar a contradição, a dúvida, a ambiguidade."
Um criativo tem de ser permanentemente insatisfeito e possuir capacidade para enfrentar os riscos necessários na vida, disse.
Slogans
Caso fossem slogans, os argumentos de Vieira poderiam ser expostos da seguinte maneira, segundo ele disse em palestra no auditório da Folha:
"Quem se engaja na busca do conhecimento é uma pessoa feliz." Ou "buscar luz criativa é divertir-se". Ou "admirar é explorar potencialidades". Ou ainda "a excitação da sensibilidade leva à inspiração. Pessoas excitadas são pessoas inspiradas".
Todos esses tópicos foram usados por Vieira com um único objetivo: lembrar que nada do que ele disse é inacessível às pessoas comuns. "Não trouxe nada que as pessoas não tenham. Não precisa gastar um tostão, nem encomendar do Paraguai. Tudo está efetivamente em nós", disse. "É preciso provocar a sensibilidade."

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