São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Little Richard revive a infância do rock

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

O autoproclamado pai do rock'n'roll está de volta ao Brasil. Com 61 anos, o cantor e pianista Little Richard se apresenta hoje no Olympia, em São Paulo.
Em 40 anos de carreira, o cantor alternou ora o piano, ora a "Bíblia". Hoje, ele garante ter conciliado as duas coisas mais importantes na sua vida.
Isso se não levarmos em conta seus vícios com droga -nos anos 70 chegou a gastar US$ 1.000 por dia experimentando o que havia no mercado, enquanto tomava coca-cola com heroína- e sua opção homossexual -foi um dos primeiros artistas a sair do armário.
Hoje, ele afirma que os dois interesses foram abandonados no passado. Foi onde ele também deixou suas performances incendiárias. A idade pesa. Quem for ao Olympia deve esperar um show de rock com valor histórico feito com a maior dignidade possível. O que, hoje em dia, não é pouco.
A época em que as fãs jogavam calcinhas no palco e Richard rebolava e se esfregava no microfone, sobrevivem em fotos preto e branco mofadas.
Mas ele não perdeu a noção de espetáculo. Afinal, foi ele quem formulou a base do manual do rock star. Ensinou que música também é imagem. Ao vivo, exibia sua paródia andrógina do fervor gospel, muita afetação, carisma, rebeldia, movimento incessante, ritmo veloz e muito peso.
"O rock'n'roll não foi uma invenção de Elvis Presley. Quem criou isso fui eu", repete sempre.
Quando esteve por aqui em 1994, no Free Jazz, Richard ainda tinha forças para subir na tampa do piano, dar gritinhos e até cantar.
Seu show também parou nos anos 50, período em que Richard gravou seus sucessos, como "Tutti Frutti".
Uma música que, por pouco, não viu o negro do acetato. Richard tinha composto a música havia algum tempo e costumava tocá-la de brincadeira em clubes com um letra pornográfica.
Não pensava em gravá-la. Com a letra modificada, "Tutti Frutti" acabou entrando quase por acaso no disco e virou seu primeiro sucesso. E o rock'n'roll ganhou como hino o refrão "awopbopaloobop alopbamboom".
A letra de duplo sentido, cantada em falsete, com gritinhos, enquanto o piano era martelado sem dó, serviu de modelo para seus hits.
E foram vários. "Long Tall Sally", "Keep Knockin'", "Jenny, Jenny, Jenny", "Good Golly Miss Molly", "The Girl Can't Help It", "Rip It Up". Mas sua preferida é "Lucille".

Show: Little Richard
Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, zona oeste, tel. 011/252-6255)
Quando: 17 de março, às 21h30
Quanto: de R$ 30 a R$ 70 (podem ser adquiridos pelo tel. 011/5589-8202)

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