São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 1997
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Jerusalém é mosaico de crenças

EDER CHIODETTO
DO ENVIADO ESPECIAL A ISRAEL

Chegar a Jerusalém. Pisar a Terra Santa. Tocar o sagrado. Colocar crenças e descrenças à prova. Esse tem sido o sonho recorrente de muitos povos há milhares de anos.
A interminável história de conflitos geopolíticos e religiosos, mesclada com as múltiplas nacionalidades que hoje convivem no mesmo minúsculo espaço, tornou Jerusalém uma cidade-mosaico.
Pedaços de histórias, de sagas, de conquistas, de crenças, de paixões e de ódios, de deuses e de homens se reconstituem em cada esquina que dobramos na cidade da paz.
A história de toda a civilização é narrada em moto-perpétuo por sucessões de imagens: a mulher árabe que esconde seus negros cabelos com lenços, rapazes e garotas do Exército que namoram e bebem cerveja nos bares com metralhadoras a tiracolo, os ícones da Igreja Ortodoxa Grega, os hábitos dos judeus ortodoxos, os beduínos espalhados pelo deserto, as inúmeras camadas sobrepostas de ruínas e histórias. Mais histórias.
No epicentro das três grandes religiões monoteístas, toda pedra, todo monumento e todo adereço assumem uma significação diferente para judeus, cristãos e muçulmanos.
O primeiro olhar que lançamos sobre algo ou alguém pode ser revelador. Será determinante se o ângulo e a iluminação forem favoráveis.
Ao chegar a Jerusalém ao cair da tarde, é quase obrigatório ir direto ao alto do monte das Oliveiras, de onde se tem uma visão mística da Cidade Velha.
Dali vemos as construções novas e antigas sempre baixas e monocromáticas, por causa da pedra de calcário utilizada obrigatoriamente nas fachadas.
O farfalhar do trânsito ao longe é abafado pelo silêncio que emana dos monumentos visíveis no seu horizonte.
A suntuosidade do Domo da Rocha, o ponto dourado que a essa hora rivaliza com o pôr-do-sol, e a muralha que abraça toda a Cidade Velha com o acender das suas primeiras luzes são e serão sempre os primeiros pontos a seduzir nosso olhar.
Mais que um passeio por lojas e metrópoles, a Terra Santa nos convida, o tempo todo, a um estado de introspecção e reflexão, sejamos ou não religiosos.
Para além dos muros e dos dogmas de Jerusalém, há muito mais para ver, tocar e sentir em Israel.

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