São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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Sem-terra invadem duas fazendas no MT

RUBENS VALENTE

RUBENS VALENTE; ANDRÉA DE LIMA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA

ANDRÉA DE LIMA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) promoveu ontem duas grandes invasões no Mato Grosso.
Na primeira, cerca de 1.500 famílias invadiram, às 2h30, a fazenda Bom Jardim, em Cáceres.
Segundo Osmar Toloneu, 25, integrante da coordenação estadual do MST, a fazenda é improdutiva. Ele estima em 6.000 hectares a área da Bom Jardim.
A Polícia Militar não esteve ontem no local. A maioria das famílias -cerca de 6.000 pessoas- está participando pela primeira vez de uma invasão. As famílias são de várias cidades do Estado, como Mirassol d'Oeste e Rio Branco.
Quinze caminhões foram usados pelos sem-terra. Segundo o MST, haveria em toda a área apenas 20 cabeças de gado e um funcionário para tomar conta.
Os sem-terra têm um estoque de alimentos que deve durar cerca de 20 dias. O MST disse que, em quatro dias, uma comissão sairá de Cáceres (187 km de Cuiabá) para negociar com o Incra, em Cuiabá, a desapropriação da área.
O MST não sabia informar o nome do proprietário da fazenda. O movimento aguarda para hoje a chegada de mais sem-terra.
A segunda invasão ocorreu na fazenda Jupia, em São José do Povo (sul do Mato Grosso). A área, segundo o MST, tem cerca de 4.000 hectares e "é improdutiva".
Os sem-terra que invadiram a fazenda, também conhecida como Ponto Chic, são de dez municípios da região de Rondonópolis (213 km ao sul de Cuiabá).
O superintendente do Incra no Mato Grosso, Elarmin Miranda, disse ontem que as invasões "foram planejadas e programadas, mas pacíficas".
"Não vamos interferir nesse momento. As leis brasileiras asseguram aos proprietários das terras o direito de recorrer na Justiça à reintegração de posse e, segundo fomos informados, é o que eles vão fazer em São José do Povo e Cáceres", afirmou.
Para Miranda, as invasões foram "inoportunas". "Essas áreas invadidas não estavam inclusas nos processos de desapropriação encaminhados pelo Incra. No ano passado, destinamos oito áreas na região sul para assentamentos do MST. E na Grande Cáceres, outras seis áreas. As ocupações são estratégias políticas do movimento", disse o superintendente do Incra."

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