São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997
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Justiça abre processo contra sete acusados

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça de Carapicuíba (Grande SP) abriu processo criminal contra as sete pessoas presas em flagrante no último dia 2, acusadas de fazer parte da máfia dos papa-defuntos, composta por quadrilhas de falsificadores de atestados de óbito que liberavam corpos dos hospitais sem que tivesse sido feita a autópsia e vendiam caixões com preços acima do mercado.
A juíza Cláudia Maria Carbonari de Faria acatou a denúncia feita pelo Ministério Público contra Cyrilo Viana de Oliveira, Álvaro Luiz de Souza, Sérgio de Souza, Heloísio Gonçalves de Oliveira, Nelson Araújo de Oliveira, José Santos Silva e João Wilson Camilo.
Eles estão sendo processados sob acusação de formação de quadrilha, falsidade ideológica e corrupção ativa e passiva. Rogério Borges, advogado do médico Cyrilo Viana de Oliveira, acusado de falsificar os atestados de óbito, afirmou que já esperava pela abertura do processo.
"Ele já havia sido condenado pela polícia." Os advogados dos outros acusados não foram localizados pela Folha.
Álvaro Luiz de Souza e seu irmão Sérgio são donos da funerária Souza, onde o esquema funcionava. No estabelecimento também foram encontrados materiais e equipamentos que levaram a polícia a crer que no local funcionava um IML clandestino.
Também foi apreendida uma caixa cheia de comprovantes de pagamento do seguro obrigatório, o que aumenta as suspeitas de fraude. Na funerária, foi encontrada uma agenda que trazia uma relação de telefones e contatos com supostos funcionários de mais de cem hospitais de São Paulo.
A existência da máfia veio à tona no dia 21 de fevereiro, quando a polícia informou ter descoberto uma quadrilha que oferecia, mediante pagamento por parte dos familiares, facilidades na liberação do corpo de pessoas mortas por causas não esclarecidas no Hospital Heliópolis (zona sul).
Essa vertente do esquema favorecia funerárias de São Caetano. Além das sete pessoas processadas, outras nove foram indiciadas. A polícia investiga ainda o possível envolvimento de funcionários de diversos hospitais de São Paulo.

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