São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997 |
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Americana apóia casamento de padre
AURELIANO BIANCARELLI
"Quando os padres e os cardeais tiverem de abrir a geladeira para ver se há manteiga para as crianças, quando tiverem de ouvir os filhos adolescentes e negociar as responsabilidades da casa, a questão da mulher e da igualdade com os leigos será levada a sério pela Igreja." A afirmação foi feita ontem pela norte-americana Frances Kissling, líder de um dos movimentos católicos mais temidos pelo Vaticano -o Católicas pelo Direito de Decidir. O grupo nasceu em 1973 para dar apoio às mulheres católicas americanas que, mesmo protegidas pelo direito legal de abortar, se defrontavam com a proibição da Igreja. Frances participa do 8º Encontro Internacional Mulher e Saúde que acontece no Rio de Janeiro e que reúne mais de 700 representantes de 72 países. Grupos de católicas que pensam como ela já existem em vários países latino-americanos. Na Europa, organizações formadas por homens e mulheres estão pressionando cada vez mais por uma igreja democrática e que respeite o direito dos leigos, especialmente o das mulheres. "A questão do aborto é apenas a ponta do iceberg", diz Frances. "É o símbolo de como a Igreja Católica trata as mulheres. Elas não são vistas como seres adultos, responsáveis, não podem usar concepcionais, não são ouvidas. Somos tratadas como crianças e não somos crianças." Frances, que já foi freira, fala com o conhecimento e o direito de quem sempre foi católica. "Não nos sentimos bem em criticar o Vaticano. Somos católicas e queremos uma igreja melhor." Na sua opinião, o Vaticano resiste a mudanças porque os homens que comandam estão separados das mulheres. "Só quem não precisa discutir métodos contraceptivos com a mulher nem dividir os esforços para criar os filhos, pode ter idéias como as defendidas pelo papa." Frances diz que o Vaticano se verá obrigado a permitir o casamento dos padres para evitar que o número deles diminua ainda mais. Ela cita padres que estão deixando a Igreja, se casando e se reunindo em grupos como o Movimento dos Padres Casados, que existe no Brasil. Texto Anterior: HC experimenta 'transplante de repique' Próximo Texto: Norma do ministério adota diferença de gênero Índice |
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