São Paulo, terça-feira, 18 de março de 1997 |
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Escola pública é retratada em exposição
EDER CHIODETTO
Após rápida e frustrada carreira de professor de ciências em escolas públicas, onde os adolescentes mal sabiam ler e escrever, Lourenção parou de lecionar. Restou, porém, a vontade de decodificar os olhares perdidos entre o afável e o trágico, que ele observava durante as aulas. Três anos depois, com uma idéia difusa na cabeça e com a câmera fotográfica no lugar do giz, Lourenção voltou para obter suas respostas. Patrocinado pelo Prêmio Estímulo, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, circulou por quatro escolas públicas. Sem o ranço panfletário, Lourenção conseguiu traçar um painel sensível do cotidiano desses adolescentes. Não como estudantes, mas como representantes de uma classe social que não é miserável, mas está longe de poder arcar com uma escola particular. Seu trabalho ganha vulto quando se desvincula do universo educacional e da idéia de denúncia para centrar foco no comportamental. "Alex, te adoro. Um beijo. Sheila." Inscrições como essa, fotografada em uma lousa de sala de aula -ao lado de jogos-da-velha, além de marcas de colagens, pichações e tinta de parede descascando, sempre bem compostas com os retratados-, é o melhor de "A Escola para Todos". Funcionam como memória afetiva. São recorrentes na lembrança de qualquer pessoa que passou por uma escola pública. Se por um lado demonstram um ambiente hostil, por outro funcionam como ritos de passagem. Para que a escola funcione como um segundo lar, cada aluno precisa deixar suas marcas. Personalizar seu espaço. Belas imagens, sobretudo os flagrantes de estudantes, perdem um pouco da força com a irregularidade da edição final, que podia ter sido mais rigorosa. Texto Anterior: Os CDs mais vendidos da semana Próximo Texto: Lagerfeld recoloca peles em cena Índice |
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