São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 1997 |
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Maluf desviou R$ 600 mi de precatórios
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O então prefeito Paulo Maluf (PPB) desviou em 96 R$ 607,076 milhões arrecadados com a venda de títulos públicos para o pagamento de despesas correntes, segundo relatório do TCM (Tribunal de Contas do Município) entregue ontem à CPI dos Precatórios.O documento revela que Maluf descumpriu o artigo 33 da Constituição, que determina que o dinheiro arrecadado com a venda de títulos deve ser destinado ao pagamento de precatórios ou rolagem de dívida antiga. O relatório do TCM inclui as operações feitas pela Prefeitura de São Paulo em 95 e 96. Em 95, a prefeitura arrecadou R$ 947,470 milhões com a venda de títulos públicos destinada ao pagamento de precatórios. Naquele ano, entretanto, a prefeitura pagou apenas R$ 147,181 milhões em precatórios. Os R$ 800,288 milhões arrecadados a mais ficaram guardados no caixa da prefeitura. Em 31 de dezembro de 95, a prefeitura tinha R$ 873,286 milhões em reservas disponíveis, segundo o TCM. Uso Em 96, entretanto, a prefeitura não guardou em seu caixa o dinheiro que não foi usado no pagamento de precatórios. Nesse ano, foram destinados somente R$ 119,799 milhões a essa despesa. Ou seja, a prefeitura paulistana deveria ter encerrado o exercício com pelo menos R$ 680,488 milhões no caixa. Mas, segundo o TCM, as reservas disponíveis em 31 de dezembro de 96 totalizavam apenas R$ 73,412 milhões. Para o TCM, o saldo no encerramento de 96 "mostra que R$ 607,076 milhões foram usados para o pagamento de despesas de outra natureza". Contradição O levantamento do TCM contradiz depoimento do secretário de Finanças de São Paulo, José Antônio de Freitas, que afirmou que o dinheiro arrecadado com a venda de títulos estaria guardado no caixa único da prefeitura. Segundo ele, o dinheiro do caixa único seria uma reserva que possibilitaria o pagamento dos precatórios assim que eles vencessem. O TCM fez um levantamento de todos os recursos disponíveis no caixa da prefeituras, bancos, aplicações, na conta especial da prefeitura e em fundos do município. Segundo o relatório do Tribunal de Contas do Município, a prefeitura arrecadou os R$ 947,470 milhões em três emissões de títulos feitas em 95, nos meses de julho e agosto. Na época, o atual prefeito Celso Pitta (PPB) ocupava o cargo de secretário das Finanças de São Paulo e era o responsável por todas as emissões. O tribunal, constitucionalmente, é um órgão destinado a dar assessoria em aspectos contábeis da administração pública para a Câmara dos Vereadores. (ALEX RIBEIRO, FERNANDO GODINHO e DANIEL BRAMATTI) Texto Anterior: Pitta sabe demais para saber tão pouco Próximo Texto: Split se envolveu no caso Paubrasil Índice |
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