São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 1997
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FHC quer que poluidor pague contribuição

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Fernando Henrique Cardoso rebateu ontem na conferência sobre meio ambiente Rio+5 as críticas feitas ao Brasil por ambientalistas que, ao longo do encontro, têm repetido que o país não cumpriu as metas de controle ambiental e despoluição recomendadas pela Eco-92.
FHC reconheceu, porém, que muita coisa não foi feita na área, e duvidou da eficiência das políticas governamentais e de medidas que ele próprio tomou no setor ambiental, se estiverem desligadas da mobilização da sociedade.
Segundo ele, o pessimismo, como o que marcou as análises sobre o fracasso do país em atingir as metas ambientais, é uma posição conservadora. O presidente defendeu que as organizações não-governamentais e a sociedade se integrem ao Estado no esforço para aprimorar as políticas ambientais.
"Acabei de assinar uma lei proibindo a exportação do mogno por dois anos. Será que vai ser eficaz? Ou vai estimular a destruição da madeira e o contrabando? Nessas regiões, quase não há Estado", afirmou o presidente, lembrando que as queimadas e derrubadas de florestas na Amazônia são monitoradas semanalmente pelo governo brasileiro, que não tem condições de impedi-las.
Cardoso lembrou que os processos são lentos. "Um projeto no Banco Mundial leva 18 meses para ser aprovado, no Congresso brasileiro, de três a quatro anos", disse o presidente. Ele ressaltou a necessidade de manter uma postura que misture otimismo e realismo em relação aos problemas.
"Se transformarmos tudo na fogueira das vaidades, destruindo tudo e todos, não se consegue nada", afirmou.
Para FHC, "vendo a Agenda 21 (em outros países) e o que foi feito de fato, também vamos ter muitas decepções". A Agenda 21 é uma relação de metas ambientais a serem atingidas em todo o mundo preparada durante a Eco-92.
O presidente disse também não querer falar na palavra imposto para o caso, mas defendeu que os responsáveis pela poluição paguem algum tipo de contribuição, que serviria para financiar a recuperação do meio ambiente degradado por suas atividades.
O presidente afirmou que, nos casos específicos dos últimos cinco anos, apesar das decepções, "um processo está em curso", com uma nova mentalidade com relação aos problemas ambientais.
FHC lembrou que, na primeira conferência mundial sobre o meio ambiente, em 1972, na Suécia, a posição do governo brasileiro foi muito diferente da exibida em 1992 e atualmente.

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