São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 1997
Próximo Texto | Índice

Balança se deteriora no início de março

DENISE CHRISPIM MARIN

DENISE CHRISPIM MARIN; SONIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Importações sobem 7,7% e exportações caem 10,4% em uma semana; déficit vai a US$ 456 milhões

A balança comercial fechou com déficit de US$ 456 milhões nas duas primeiras semanas de março, segundo dados divulgados ontem pelas secretarias de Comércio Exterior e de Política Econômica.
As importações, de US$ 2,279 bilhões no período, subiram 7,7% entre a primeira e a segunda semana deste mês.
As exportações, de US$ 1,823 bilhão, diminuíram 10,4%, em vez de registrarem a recuperação esperada pelo governo.
Aposta no freio
Se mantidas as médias de embarques e de importação das duas primeiras semanas, março fechará com déficit de US$ 912 milhões -cifra 96,1% maior que a do mesmo mês de 1996.
Seguindo esse mesmo raciocínio, repudiado pelo ministro Pedro Malan (Fazenda), o déficit acumulado no trimestre seria de US$ 2,943 bilhões -resultado 6,5 vezes maior que o do mesmo período de 1996.
O agravamento da situação das contas externas reforçou as apostas, no mercado financeiro e em Brasília, de que o governo pode decidir conter a atividade econômica para diminuir o ritmo das importações.
Por isso, era grande ontem a expectativa com relação ao anúncio da TBC (Taxa Básica do BC), que baliza os juros do mercado.
A Folha apurou junto ao BC que não há intenção de elevar a taxa antes de uma eventual alta dos juros internacionais.
Essa explicação deixa margem, porém, à manutenção da taxa atual, interrompendo a política de redução gradual.
Esperança agrícola
A expectativa da Secretaria de Política Econômica (SPE) é que os embarques de soja se intensifiquem na segunda quinzena e colaborem na redução do déficit.
As exportações nas primeiras semanas foram prejudicadas pela greve no Porto de Paranaguá (PR).
A exportação de soja e farelo de soja deve chegar a 1 milhão de toneladas -o que significa algo em torno de US$ 300 milhões.
Segundo Evandro Fazendeiro de Miranda, coordenador de Política Agrícola da SPE, a exportação do complexo soja deve aumentar em US$ 500 milhões neste ano e totalizar US$ 5 bilhões.
Impacto no crédito
A SPE espera que o alto nível de inadimplência em fevereiro leve o comércio a tomar a iniciativa de restringir a concessão do crédito.
Essa alternativa dispensaria o governo da tarefa de tomar medidas impopulares para frear o crescimento da economia -que diminuiriam a demanda por produtos importados e aumentariam o excedente para exportações.
Os números de fevereiro apontam que aumentou em 54,8% o número de registro de carnês em atraso e em 77,2% os casos de cancelamento, comparado com o mesmo mês do ano passado.
"A inadimplência deverá ser alta em março, fato que aumenta o risco de instituições concederem financiamento", disse Rogério Mori, secretário-adjunto da SPE.

LEIA MAIS sobre balança comercial à pág. 2-8

Próximo Texto: "Virei caixeiro viajante", diz Motta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.