São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 1997
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Déficit não é preocupante, diz secretário

LUCIA MARTINS
ENVIADA ESPECIAL A BARCELONA

A equipe do governo brasileiro em Barcelona (Espanha) -o diretor da área internacional do Banco Central, Gustavo Franco, o presidente do BC, Gustavo Loyola, e o secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros- voltou a reforçar a tese de que o déficit comercial não é preocupante.
"Não posso fazer projeções, mas estamos esperando melhoras", disse Mendonça de Barros em reunião com investidores, promovida pelo Salomon Brothers.
"Acho que as reformas estão caminhando e não considero o déficit um risco grande. O governo brasileiro está efetuando medidas de longo prazo, e isso é bom", afirmou Jeffrey Shafer, diretor-gerente do banco americano, após ouvir a apresentação do secretário.
Para o ministro da Economia mexicano, Guillermo Ortiz, a situação brasileira é muito diferente da vivida pelo México de 1994 e ainda há muito fôlego na economia brasileira para recuperação.
"A situação do Brasil é distinta da que tivemos em 94. Além disso, a confiança dos investidores só depende puramente do déficit da balança comercial se houver importações de bens de capital que substituam a produção interna, o que significaria anticonsumo. É difícil fazer um diagnóstico sobre se a situação é sustentável ou não apenas com uma cifra. Vamos esperar."
Ortiz e Kandir participaram de almoço oferecido pelo presidente do BID, Enrique Iglesias, para discutir formas de aumentar o volume de dinheiro para financiar países mais pobres. "Temos disposição para isso", disse Ortiz. Hoje, último dia da reunião, o BID vai discutir as deliberações e deverá anunciar as novas cifras para empréstimos.
Pacote de US$ 1,6 bilhão
O ministro Antonio Kandir (Planejamento) vai ao Japão em maio para fechar um pacote de financiamento no valor de US$ 1,6 bilhão.
Kandir não quis detalhar quais projetos estão contemplados no empréstimo, mas disse que são "obras em andamento" e que duas são "obras de saneamento ambiental".
O dinheiro será emprestado pelo Eximbank (banco japonês para fomento do comércio exterior) e pelo OECF (fundo para financiamento de países em desenvolvimento). Ontem, ele se reuniu em Barcelona -onde participa da reunião anual do BID- com representantes das duas instituições.
"As negociações foram ótimas. Discutimos mecanismos de agilizar as consultas e, em consequência, liberar dinheiro mais rápido."
Esse financiamento reforça a tese do ministro de que não vai faltar dinheiro para o Brasil. Ontem, Kandir afirmou ainda que espera que os investimentos diretos no país cheguem a US$ 15 bilhões neste ano, quase dobrando o número do ano passado. Essa estimativa já tinha sido feita pelo diretor da área internacional do Banco Central, Gustavo Franco.
Não foi o primeiro acordo anunciado no encontro do BID entre o Eximbank e o Brasil. Anteontem, o banco japonês também fechou um contrato de US$ 48 milhões para financiar obras de infra-estrutura no Estado de Tocantins.
O governador José Wilson Siqueira Campos (PPB) disse que a negociação só foi possível porque o Estado "está totalmente em dia".

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