São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 1997 |
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Déficit não é preocupante, diz secretário
LUCIA MARTINS
"Não posso fazer projeções, mas estamos esperando melhoras", disse Mendonça de Barros em reunião com investidores, promovida pelo Salomon Brothers. "Acho que as reformas estão caminhando e não considero o déficit um risco grande. O governo brasileiro está efetuando medidas de longo prazo, e isso é bom", afirmou Jeffrey Shafer, diretor-gerente do banco americano, após ouvir a apresentação do secretário. Para o ministro da Economia mexicano, Guillermo Ortiz, a situação brasileira é muito diferente da vivida pelo México de 1994 e ainda há muito fôlego na economia brasileira para recuperação. "A situação do Brasil é distinta da que tivemos em 94. Além disso, a confiança dos investidores só depende puramente do déficit da balança comercial se houver importações de bens de capital que substituam a produção interna, o que significaria anticonsumo. É difícil fazer um diagnóstico sobre se a situação é sustentável ou não apenas com uma cifra. Vamos esperar." Ortiz e Kandir participaram de almoço oferecido pelo presidente do BID, Enrique Iglesias, para discutir formas de aumentar o volume de dinheiro para financiar países mais pobres. "Temos disposição para isso", disse Ortiz. Hoje, último dia da reunião, o BID vai discutir as deliberações e deverá anunciar as novas cifras para empréstimos. Pacote de US$ 1,6 bilhão O ministro Antonio Kandir (Planejamento) vai ao Japão em maio para fechar um pacote de financiamento no valor de US$ 1,6 bilhão. Kandir não quis detalhar quais projetos estão contemplados no empréstimo, mas disse que são "obras em andamento" e que duas são "obras de saneamento ambiental". O dinheiro será emprestado pelo Eximbank (banco japonês para fomento do comércio exterior) e pelo OECF (fundo para financiamento de países em desenvolvimento). Ontem, ele se reuniu em Barcelona -onde participa da reunião anual do BID- com representantes das duas instituições. "As negociações foram ótimas. Discutimos mecanismos de agilizar as consultas e, em consequência, liberar dinheiro mais rápido." Esse financiamento reforça a tese do ministro de que não vai faltar dinheiro para o Brasil. Ontem, Kandir afirmou ainda que espera que os investimentos diretos no país cheguem a US$ 15 bilhões neste ano, quase dobrando o número do ano passado. Essa estimativa já tinha sido feita pelo diretor da área internacional do Banco Central, Gustavo Franco. Não foi o primeiro acordo anunciado no encontro do BID entre o Eximbank e o Brasil. Anteontem, o banco japonês também fechou um contrato de US$ 48 milhões para financiar obras de infra-estrutura no Estado de Tocantins. O governador José Wilson Siqueira Campos (PPB) disse que a negociação só foi possível porque o Estado "está totalmente em dia". Texto Anterior: Ministro fez acordo com distribuidoras Próximo Texto: Exportação de agrícolas cresce Índice |
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