São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 1997 |
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Trajetória de padre Cícero vira filme Wolney Oliveira dirige produção PAULO MOTA
Orçado em R$ 232 mil, o filme traz José Dumont no papel de padre Cícero, Roberto Bonfim e um elenco de atores cearenses. O fio condutor da trama é o suposto milagre atribuído a padre Cícero, quando, durante uma missa, a beata Maria de Araújo diz que a hóstia recebida do religioso transforma-se em sangue ao chegar na sua boca. Oliveira interpreta o episódio como o "mito fundador" do processo de misticismo que se criou em torno de padre Cícero, que faz com que milhares de romeiros visitem anualmente Juazeiro do Norte (528 km ao sul de Fortaleza) em busca de sua bênção. O episódio mostra também os conflitos de padre Cícero com a cúpula da Igreja Católica, que num primeiro momento reconheceu o evento como um milagre, depois voltou atrás e por fim cassou os seus direitos religiosos. "Esse episódio marca a transformação de padre Cícero, que passa de pároco provinciano a uma espécie de santo reverenciado em vários cantos do país", diz Oliveira. O filme traz cenas fortes em que a beata é torturada pela comissão de religiosos enviada a Juazeiro. Eles a pressionam para confessar que tudo não passou de uma farsa. Para José Dumont, o filme pode dar uma contribuição importante à elaboração simbólica do universo messiânico e religioso presente no imaginário brasileiro. "O resgate do sentido universal da religiosidade e da força mística do sertanejo é a melhor forma de nos afirmarmos nesse mundo globalizado", diz o ator. Oliveira ganhou o prêmio de melhor documentário do Festival de Cinema de Havana, em 1992, com "Sabor a Mi". Texto Anterior: Vinil é novidade da indústria fonográfica Próximo Texto: "Mr. Abrakadabra" vence em Recife Índice |
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