São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 1997
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Israel inicia obras sob forte segurança

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Sob forte esquema de segurança, Israel começou a construir ontem um novo assentamento para judeus em um subúrbio de Jerusalém oriental.
Har Homa (chamada pelos árabes de Jabal Abu Ghneim), terá 6.500 casas e representa o principal ponto de conflito entre palestinos e israelenses nas últimas semanas.
Os árabes reivindicam Jerusalém oriental como a capital de um futuro Estado palestino e dizem que a nova colônia é uma tentativa de Israel de consolidar sua presença na área. Israel diz que Jerusalém, inteira, é sua capital, e que a construção de prédios da cidade é uma questão interna.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que o processo de paz vai continuar apesar da construção do assentamento. A iniciativa gerou uma série de protestos internacionais contra ele -ontem, por exemplo, França e Reino Unido censuraram Israel.
Como era esperado, houve protestos no primeiro dia da construção. Enquanto escavadeiras começavam o trabalho, cerca de 50 jovens palestinos jogavam pedras nos soldados israelenses, queimavam pneus e bloqueavam estradas. Houve choques entre militares e manifestantes, mas sem feridos.
"É um dia negro para o processo de paz", disse Saeb Erekat, negociador palestino. As negociações sobre o status final de Jerusalém estavam programadas para recomeçar nesta semana.
A secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, fez um apelo a ambas as partes para retomarem as negociações.
O secretário-geral da ONU, o ganense Kofi Annan, se disse "decepcionado e profundamente preocupado" com a situação.
"Carnificina"
Netanyahu pediu à liderança palestina para conter atentados e disse que o serviço secreto de Israel descobriu que os palestinos autorizaram ações terroristas.
Segundo Netanyahu, estariam sendo preparados atentados suicidas e explosões de bombas em ônibus, "a espécie de carnificina que levou à suspensão do processo de paz no passado".
Ele se referia aos ataques terroristas que ocorreram meses antes das eleições do ano passado e que, segundo analistas, levaram Netanyahu e seu discurso de defesa da segurança ao governo.
Segundo o premiê israelense, os palestinos teriam libertado militantes do grupo Hamas, que voltariam a cometer os atentados (leia texto abaixo).
Arafat respondeu à acusação em Gaza. Disse que pediu aos palestinos que não recorram à violência.
Israel anunciou ontem que proibiu seus cidadãos de entrarem em áreas controladas pelos palestinos e suspendeu as patrulhas conjuntas com policiais árabes "devido às tensões existentes".
Funcionários de ambos os lados disseram que é remota a chance de um encontro entre Arafat e Netanyahu. O líder palestino quer que a construção do assentamento em Jerusalém oriental seja interrompida antes de uma reunião.

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