São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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Pintor despertou dúvida da crítica

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

O pintor Willem De Kooning morreu no momento em que a crítica de seu país e, mesmo os mais fiéis admiradores, já não sabiam o que fazer ou pensar de sua obra.
"The Late Paintings", a exposição aberta no ano passado em San Francisco -agora em exibição no Museum of Modern Art, em Nova York, desde janeiro último- mostrava telas produzidas em um período em que De Kooning já sofria da doença de Alzheimer.
Isso significa que ele estava "desligado" do mundo. Não sabia mais em que tempo vivia ou o significado da arte.
Mas, em um ato que muitas pessoas identificavam como um tipo peculiar de milagre, ainda pintava.
As telas dessa nova fase (terminal) se diferenciavam brutalmente das obras do tempo de sua grandeza. Assim como os métodos.
Se antes ele poderia levar meses para realizar um trabalho, agora a relação era inversa.
Bastava um assistente colocar um pincel em sua mão e lhe oferecer uma tela em branco para que iniciasse a ação.
Para combater as suspeitas de fraude, marchands e curadores ofereciam vídeos do artista em meios às cores, executando movimentos lentos com o braço.
A pergunta que se impunha então era sobre a veracidade. Ele era o mesmo artista? A resposta, para os mais próximos, parecia óbvia. De Kooning vivia em um outro lugar. E, pelas cores de seus recentes quadros, era uma terra belíssima.

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