São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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Museu revela os significados da saga

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de setembro, uma exposição num dos mais importantes museus dos Estados Unidos vai provar que Luke Skywalker é Jesus Cristo, um herói grego, um cavaleiro medieval, um samurai e um pistoleiro de faroeste.
"George Lucas traduziu as antigas mitologias para um história do século 20", disse à Folha por telefone, de Washington D.C., Mary Henderson, 43, curadora da exposição "Guerra nas Estrelas - A Mágica do Mito" no Smithsonian's National Air and Space Museum.
Henderson, que é formada em história da arte, afirma que Lucas usa o padrão clássico da jornada mítica do herói como base da trilogia. Esse padrão vem desde o épico Gilgamesh e da "Odisséia", de Homero, e inclui, além da viagem física, a emocional ou espiritual, de transformação do herói.
"George Lucas estudou sociologia, antropologia e psicologia na universidade, antes de se tornar um diretor. Seu conhecimento do trabalho de intelectuais como Joseph Campbell, que ele encontrou após lançar o primeiro filme, deu a ele a idéia de usar a mitologia."
Mas, para Henderson, a virtude de Lucas vai além. "O padrão da jornada do herói é muito comum. Acho que o uso que Lucas faz dele, no entanto, é único, porque agrega várias fontes míticas e todo o conceito de queda e redenção", disse.
Entre essas fontes, estão o faroeste, a figura do samurai e o zen. "Todas as religiões tem algo de zen, e o mesmo acontece com a Força. Lucas usa elementos do faroeste, como a idéia de fronteira -a cidade natal de Luke é remota, deserta- e um parceiro pistoleiro (Han Solo). Mas ele pegou seus caubóis e os transformou em samurais, os Jedis", afirmou.
A questão da queda e redenção está diretamente ligada ao fato da trilogia ser, na verdade, a história da redenção de Darth Vader, ou Anakin Skywalker, pai de Luke.
"Vader é um tipo de anjo caído -ele já foi um Jedi, tinha todos os poderes para ajudar as pessoas, mas se converte ao mal- que é redimido por seu filho. Isso está na história do Rei Arthur, que se torna poderoso e cai em tempos do mal. E seu filho, em vez de salvá-lo, o fere. Também está na história cristã, onde Adão é o pai da humanidade, come a maçã e cai em desgraça. Então Jesus Cristo, que é o filho de Deus, aparece e redime seu erro por um sacrifício", explica.

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