São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 1997
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Cúpula EUA-Rússia começa sob tensão

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Começa hoje em Helsinque, capital da Finlândia, a mais tensa reunião de cúpula entre os presidentes dos EUA e da Rússia desde o fim da Guerra Fria, há seis anos.
O principal problema entre Bill Clinton e Boris Ieltsin é a objeção russa à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte, entidade militar criada pelos EUA ao final da Segunda Guerra para proteger seus aliados da Europa Ocidental contra a então URSS e outros países comunistas da Europa.
Mas também há dúvidas sobre o ritmo da implementação de tratados de desarmamento, o futuro das reformas econômicas e políticas na Rússia, as condições de saúde do presidente Ieltsin e sua possível sucessão.
Especialistas em Rússia não se assustaram muito com o discurso agressivo de Ieltsin na segunda sobre as perspectivas da cúpula.
Leon Aron, biógrafo do presidente russo e pesquisador do American Enterprise Institute, diz que Ieltsin é mestre em criar crises artificiais para arrancar maiores concessões de seus interlocutores.
Mas Aron e outros russólogos em Washington concordam que as relações entre os dois países estão em seu ponto mais baixo nesta década e que Helsinque não deverá fazer muito para reanimá-las.
Este é o 11º encontro entre Clinton e Ieltsin nos últimos quatro anos. Parece haver uma boa vontade recíproca genuína entre eles. O norte-americano apoiou de todas as maneiras a reeleição do russo em 1996 e o tem sustentado em todas as dificuldades políticas.
A cúpula estava programada para se realizar nos EUA. Mas foi transferida para Helsinque devido aos problemas de saúde de Ieltsin. Ela vai começar esta noite com um jantar oferecido pelo presidente da Finlândia, Martti Ahtisaari.
Ieltsin se opõe com vigor à inclusão da Polônia, Hungria e República Tcheca na Otan, o que pode acontecer em julho deste ano.
Os três países pertenciam ao Pacto de Varsóvia, a resposta soviética à Otan, durante a Guerra Fria. Há na Rússia generalizado sentimento de que o avanço da Otan coloca em risco sua segurança nacional.
Ontem, o porta-voz do Kremlin, sede do governo da Rússia, disse que a expansão da Otan "seria o mais grave erro estratégico do Ocidente desde o fim da Guerra Fria".

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