São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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'Os Reis do Iê-Iê-Iê' vira tragédia

DANIELA ROCHA
ENVIADA ESPECIAL A CURITIBA

O espetáculo-evento "Os Reis do Iê-Iê-Iê", que estréia hoje, no 6º Festival de Teatro de Curitiba, às 21h30, no Tuca, não será mero registro paralelo de reencontro dos Beatles com o reencontro de Gerald Thomas e Bete Coelho, que não trabalhavam juntos há seis anos.
Na verdade, Bete Coelho, Luiz Damasceno e Gerald Thomas estarão interpretando eles mesmos. "É um laboratório de clonagem que fazemos, não tão simples como o das ovelhas e macacos", disse Thomas. A única citação real dos Beatles está na trilha, composta por várias músicas da banda britânica.
A ação não será desenvolvida em um estúdio ou um asilo, segundo Bete Coelho. "Agora ela vai acontecer em um palco, que é o lugar onde representamos", disse a atriz, que começou a trabalhar com Thomas há 11 anos.
Ele, que se diz um obcecado por metalinguagem, lida com a verborragia, a formação da linguagem em um laboratório que pode ser um manicômio onde Gerald Thomas se pensa John Lennon, Bete Coelho, Paul McCartney, Luiz Damasceno, Ringo Starr, e Domingos Varella, George Harison. "Lido com a dicotomia entre quem somos e quem pensamos que somos", disse.
Thomas faz tudo isso gozando da sua própria geração. "Cresci ouvindo que tudo para todo mundo era 'yeah', que gerou o refrão mais imbecil da história, o 'yeah, yeah, yeah'."
Ele mostra no espetáculo -que pode ter uma única apresentação em São Paulo, ainda sendo negociada- como toda a contracultura da década de 60 desembocou em ignorância, com o "yeah, yeah, yeah".
Neste espetáculo, que, inicialmente seria uma brincadeira, mas que agora adotou um final trágico, Thomas afirma que salva a boa imagem do Lennon. "Eu explico por que Mark Chapman, ao matar Lennon, fez um favor a ele. Foi para salvar a boa imagem do ídolo. Com a música 'Imagine', a inteligência de Lennon encolheu. Mas, ao morrer, o que ficou dele foi a imagem do gênio, do rebelde."
Chapman será interpretado por Dionisio Neto. Yoko Ono (Gilda Barbosa) vai entrar em cena para transformar todos os clones em instalação tipo Duchamp.
No elenco existe ainda um coro de clones, além, além de Renata Jesion, que será agente da CIA, Keith Richards e um samurai; Marcos Azevedo interpreta um agente da CIA e Moisés; e Raquel Rizzo, agente da CIA e Mick Jagger.

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