São Paulo, sábado, 22 de março de 1997
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Banespa ajudou portadores de títulos

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente do Banespa Carlos Augusto Meinberg nega que o banco tenha quebrado devido aos papéis da prefeitura paulistana, pois a instituição "também carregava R$ 1 bilhão em títulos do Estado de São Paulo quando sofreu intervenção do Banco Central, por motivos políticos".
Ele não endossa a tese de que a prefeitura tenha dado suporte financeiro para que as pequenas instituições comprassem títulos.
Mas admite que o banco chegou a socorrer empresas que carregavam títulos municipais, durante a crise de liquidez (escassez de recursos no mercado financeiro) no segundo semestre de 94.
"A pedido de autoridades federais e municipais, recompramos títulos de instituições que não encontravam financiamento devido à grave crise de liquidez gerada pelo Plano Real. Mas foram compras específicas num momento específico. Algumas das instituições acabaram sendo liquidadas recentemente", disse Meinberg.
Ele revelou que o socorro às pequenas corretoras e distribuidoras foi feito a pedido do então diretor de Política Monetária do Banco Central, Alkimar Moura. O Banespa era uma espécie de "mão avançada" do BC no mercado, afirmou.
No caso da prefeitura, que precisava resguardar a credibilidade de seus títulos durante a crise de liquidez, ele disse que não se recorda de quem partiam os pedidos de socorro às instituições nanicas.
"Não lembro. Como presidente do Banespa, tinha responsabilidades mais amplas, não cuidava desse dia-a-dia. Meus contatos com o Pitta, naquela época, eram sociais e, às vezes, decorrentes do fato de a prefeitura ser o maior cliente do banco", afirmou Meinberg.
Ele foi convidado a integrar o governo municipal, em janeiro, após ter dado uma assessoria informal ao prefeito no final do ano passado, quando surgiram as primeiras acusações envolvendo a venda de títulos municipais.
"Voltei para a vida pública para provar que sou um bom administrador de empresas e para continuar a defender o Banespa", afirmou Meinberg.
A Folha procurou Alkimar Moura, mas não obteve resposta até as 18h de sexta-feira.

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