São Paulo, sábado, 22 de março de 1997
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Alta nos EUA não é relevante, diz Malan

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Pedro Malan (Fazenda) afirmou ontem que um possível aumento na taxa de juros nos Estados Unidos não deve causar impacto na economia brasileira.
"O efeito sobre nossa economia não é relevante", declarou Malan, pouco antes do encerramento do Seminário Internacional sobre Lavagem de Dinheiro.
Segundo o ministro, a queda na taxa de risco Brasil -avaliação que aponta o risco do investimento ou empréstimo ao país- é mais que suficiente para compensar um aumento de 0,25% ou de 0,50% nos juros nos Estados Unidos.
No mercado norte-americano, as especulações mais frequentes são de aumento de 0,25% a 0,50%. Há apostas, entretanto, que indicam percentuais maiores.
Na última quinta-feira, o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), Alan Greenspan, indicou a probabilidade de aumento na taxa de juros como alternativa para a manutenção da inflação baixa e posterior estabilização de preços.
Freio
Malan também afirmou que poderá determinar a imediata restrição ao crédito caso conclua que a medida seja necessária. Essa decisão está relacionada com o equilíbrio da balança comercial (diferença entre exportações e importações).
A queda da atividade econômica provocaria a redução do consumo interno -com a diminuição da demanda por produtos importados e a geração de mais excedentes para as exportações.
"No momento, não estamos vendo necessidade de tomar medidas restritivas", disse ele. "Se em algum momento chegarmos a essa conclusão e tivermos a convicção de que é desejável tomá-la, nós o faremos sem nenhuma hesitação."
Segundo o ministro, nem mesmo os dados bimestrais da balança comercial são relevantes. Somados os resultados de janeiro e fevereiro deste ano, o déficit chegou a US$ 2,031 bilhões.
"Não ficamos excitados com o resultado diário da balança comercial, nem com o semanal, mensal ou bimestral. Nossa aposta se projeta para meses e anos à frente", afirmou.
No início da semana o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, afirmou em Barcelona (Espanha) que se os juros aumentarem nos Estados Unidos o governo estudará a possibilidade de mexer na política monetária. Em outras palavras, dependendo do aumento, o governo poderá aumentar as taxas de juros internas.
Desde o ano passado, a política tem sido de redução gradual, mês a mês. Para abril, a TBC foi fixada em 1,58%, contra 1,62% em março. Essa queda tem se mantido em 0,04 ponto percentual nos últimos meses.

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