São Paulo, sábado, 22 de março de 1997 |
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'Jesus' demitido monta 'clone' em Recife
FÁBIO GUIBU
A história da disputa começou em dezembro passado. Pimentel, que por 19 anos interpretou o filho de Deus na cidade-teatro de Nova Jerusalém, foi demitido por se recusar a ser substituído por Fábio Assunção. Inconformado, ele acusou a produção do espetáculo de ter agido como Judas, o apóstolo que, segundo a "Bíblia", traiu Cristo e o levou à morte na cruz. "Jesus foi traído e morreu para salvar a humanidade. Eu também fui traído, vou oferecer um show aos excluídos, mas não vão me crucificar", afirmou. O ator -que também exerceu por 27 anos o cargo de diretor da peça- disse que foi afastado porque defendia a contratação exclusiva de atores nordestinos. "Nosso mercado de trabalho é muito restrito e acho que não haveria necessidade alguma de a produção convidar atores do Sul", declarou. "Na minha opinião, olhos azuis não significam talento." Para o atual diretor da Paixão de Nova Jerusalém, Carlos Reis, "a choradeira de Pimentel é normal". Segundo Reis, a substituição foi necessária, porque, ao acumular duas funções, Pimentel "prejudicava a direção". "O problema é que ele não aceitou a troca, e essa posição colocou toda a produção em xeque." "Ninguém é eterno", disse Reis, que, por nove anos, entre 69 e 77, também fez o papel filho de Deus no espetáculo. Aparentemente alheio à polêmica, Fábio Assunção passou a semana ensaiando na cidade-teatro, localizada no município de Brejo da Madre de Deus, a 193 km de Recife. Segundo o diretor da peça, o ator tem se mantido neutro, sob alegação de que foi contratado apenas para trabalhar. A decisão de afastar o ator, porém, dividiu o elenco e cerca de 20 pessoas fiéis a Pimentel também se desligaram do grupo. Com os dissidentes e o apoio de empresários, Pimentel montou sua versão da Paixão de Cristo e marcou as apresentações para os mesmos dias da concorrente. Eventos grandiosos As duas peças estréiam hoje e terminam no próximo dia 29. Os diretores prometem eventos grandiosos, cheios de luzes e fartos em efeitos especiais. Assim como em Nova Jerusalém, o espetáculo de Pimentel -que investiu cerca de R$ 400 mil no empreendimento- também vai ser ao ar livre. Os cenários foram montados no estádio do Santa Cruz, em Recife, onde o público poderá acompanhar da arquibancada o drama de Cristo, com direito a shows pirotécnicos e de raio laser. O maior trunfo do ator para o sucesso da peça em Recife, disse, será o preço do ingresso: R$ 5 nas arquibancadas e para estudantes e R$ 10 nas cadeiras. Peça: Paixão de Cristo do Recife Onde: estádio do Santa Cruz Quando: de hoje a 29 de março, às 19h Quanto: R$ 5 e R$ 10 Informações: tel. (081) 423-0933 Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch Próximo Texto: Encenação começou em 1950 Índice |
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