São Paulo, sábado, 22 de março de 1997
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Rebeldes albaneses desistem de novo governo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os rebeldes que controlam o sul da Albânia desistiram ontem de formar um novo governo, mas continuam a exigir a renúncia do presidente Sali Berisha.
O Comitê Nacional de Salvação Pública, que congrega líderes de 14 cidades rebeladas do sul do país, havia ameaçado formar um governo e marchar para a capital do país, Tirana, se Berisha não renunciasse até quinta-feira.
Ontem, porém, o comitê, reunido em Tepelenë, sul do país, desistiu de formar o governo e disse que vai cooperar com o premiê Bashkim Fino, da oposição a Berisha. Mas a exigência da renúncia do presidente continua.
A nomeação de Fino foi uma das medidas tomadas por Berisha para tentar solucionar a crise no país. Outra medida foi a antecipação de eleições gerais para junho.
Berisha se recusa a renunciar, no que é apoiado pela oposição. Considera-se que a renúncia do presidente albanês causaria um vácuo no poder.
A crise se iniciou quando instituições financeiras que ofereciam esquemas de investimento com alta margem de lucro, chamados "pirâmides", faliram, causando prejuízo a milhares de albaneses.
A população, acusando Berisha de conivência com os esquemas de investimento, atacou quartéis, se armou e expulsou as forças legais de diversas cidades.
O governo albanês requereu ontem ajuda à Grécia, Turquia e Itália para reestruturar seu Exército e constituir forças especiais para retirar as armas dos civis.
"Vamos lutar contra todos os bandos armados a fim de restabelecer a ordem", afirmou ontem o ministro do Interior, Belul Cela.
A Grécia concordou em fornecer ajuda para o combate aos rebeldes. "O Ministério da Defesa grego recebeu um pedido de ajuda do governo albanês para reconstruir seu Exército. Essas estruturas têm de ser reorganizadas", disse porta-voz do governo grego.
Ontem, mais onze pessoas foram mortas. Na cidade portuária de Vlorë, quatro pessoas morreram em choques entre civis armados. Em conflitos semelhantes, outras sete foram mortas em Korcë. As duas cidades ficam no sul do país.
Mais de 120 pessoas já morreram desde o início da crise.
A União Européia disse ontem que a ajuda humanitária só será entregue quando a ordem for retomada no país balcânico.
A Itália, de forma independente, anunciou que estava preparando uma grande remessa à Albânia de kits para atendimento médico.
O ministro das Relações Exteriores italiano, Lamberto Dini, disse que a quantidade de material será suficiente para atender 300 mil pessoas por um mês. Caso ocorra, o envio será a primeira ajuda humanitária de larga escala a chegar ao país desde o início da crise.

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