São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 1997 |
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Leilão da Vale pode ter só um consórcio
CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
Se for confirmada essa possibilidade, a Vale será vendida pelo preço mínimo fixado pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), rendendo aos cofres públicos cerca de R$ 3 bilhões e contrariando a expectativa do próprio governo de que haveria ágio no leilão. Por enquanto, segundo participantes diretos nas negociações, estaria avançada a formação apenas do consórcio entre a Votorantim e a Anglo American, grupo sul-africano, que fatura cerca de três vezes mais do que o grupo liderado por Antonio Ermírio de Moraes. Duas outras tentativas de constituição de consórcios -da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e do grupo Caemi com empresas japonesas- estão esbarrando em muitas dificuldades. Na semana passada, a CSN perdeu dois dos seus mais poderosos candidatos a sócios na compra da Vale. Na sexta-feira, o grupo Gencor, da África do Sul, anunciou oficialmente que desistia de entrar no negócio por considerá-lo pouco interessante para seus acionistas. O segundo possível parceiro da CSN, o Bradesco, foi proibido pelo BNDES de entrar no consórcio por já ter participado do grupo que criou as regras para o leilão. Caemi Já o grupo Caemi, fundado pelo empresário Antonio de Azevedo Antunes, enfrenta uma séria crise interna e está procurando se reestruturar por meio do aumento da participação no grupo da empresa japonesa Mitsui, a qual já é sua associada há muitos anos. O grupo Caemi é "naturalmente" candidato a entrar na venda da Vale, por ser grande produtor e exportador de minério de ferro, tendo, portanto, experiência no setor e bons contatos com o exterior. Sua estratégia atual seria buscar uma forma de viabilizar sua participação na compra da Vale, por meio de um estreitamento das relações com grupos japoneses. O cenário mais provável seria sua participação, em bloco com a Mitsui, como parte de um consórcio liderado por outros grupos. A possibilidade de que no dia 29 de abril apenas um candidato a dono da Vale apareça está levando o BNDES (que detém uma participação na Vale por meio do BNDESpar) a incentivar empresas nacionais a avaliarem a possibilidade de formar um consórcio. Esse incentivo se daria por meio da garantia de que o BNDES entrará em qualquer consórcio para ajudar grupos nacionais. José Pio Borges, vice-presidente do BNDES, confirma que o banco só não entrará em consórcios que não aceitem a participação de funcionários da Vale. Outros interessados Muitas outras empresas e bancos estão estudando como participar do negócio, o maior leilão de privatização já feito no país. A maioria desses grupos não têm, porém, interesse ou cacife para liderar um consórcio. Vários deles devem acabar com uma participação pequena num consórcio. Ao contrário do que ocorreu em outras privatizações, quando grupos concorrentes foram organizados nos últimos dias antes do leilão, a expectativa dos especialistas é de que a fase de negociações para a formação dos consórcios desta vez termine em mais 15 dias, sobrando três semanas para que sejam cumpridas as muitas exigências burocráticas do BNDES. Surpresas, como a formação de outro consórcio, não estão descartadas, porém. "A situação atual parece um baile à moda antiga quando começa tocar a música e homens e mulheres ficam esperando para ver quem vai dançar com quem. Todos os interessados estão em conversações", informa o consultor de uma das empresas interessadas na Vale. Texto Anterior: Prestador de serviço vê modernização Próximo Texto: Grupo deve ter pelo menos três empresas Índice |
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