São Paulo, sábado, 29 de março de 1997 |
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Autor cultivou a melancolia
ARMANDO ANTENORE
Há notáveis semelhanças entre o repertório do autor baiano e o do carioca. As principais talvez sejam a concisão e a delicadeza das letras. Pode-se reconhecer duas facetas no cancioneiro de Batatinha (leia quadro à direita). Uma, bem-humorada, engloba as composições que celebram a malandragem e a boêmia. Em "Jajá da Gamboa", por exemplo, o sambista narra as peripécias de um sujeito que vive à custa da amante. Na marchinha "Bebé Diferente", diz: "Muito bebé chora chora pra comer/ muito bebé chora chora pra valer/ eu como sou um bebé diferente/ quando eu choro quero aguardente". São canções gaiatas, que combinam bem com o apelido de Oscar da Penha (Batatinha deriva de "batata", gíria para gente boa). No entanto, a produção mais marcante do compositor abarca um punhado de músicas melancólicas. Inconscientemente, o baiano contaminou o samba com o espírito do blues. "Falou de tristeza, mas sem mágoas ou ressentimentos", explica Paquito, que cita a letra de "Imitação" como prova: "Ninguém sabe quem sou eu/ também já não sei quem sou/ eu bem sei que o sofrimento/ de mim até se cansou/ na imitação da vida/ ninguém vai me superar/ pois sorrio da tristeza/ se não acerto chorar". (AA) Texto Anterior: As faixas do disco Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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